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mulheres & computadores

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mulheres & computadores

Vejam só:

O anúncio acima foi fotografado por mim em janeiro de 2016 em um trem do metrô de Nova York.  O anúncio refere-se diretamente à questão de gênero no exercício profissional da informática,  baseado em uma pesquisa cujos resultados revelam que a mulher informata recebe um salário significativamente maior que suas colegas profissionais de outras áreas. Mas quando se examina atentamente a imagem dessa mulher do anúncio, vê-se que curiosamente ela aparece como uma  chaveadora de circuitos, ou seja, no exercício de um trabalho menos qualificado. Mais curioso ainda, é a mesmíssima imagem da mulher informata da época pioneira de meados dos anos 1940, igualmente uma chaveadora de circuitos de um dos primeiros computadores eletrônicos, o ENIAC, (conforme se vê na foto abaixo) e  igualmente  no exercício de trabalho menos qualificado (os homens não são vistos em ambas as imagens, e, suponho, estão em outra cena, a do trabalho mais qualificado, ou seja, desenvolvendo as coisas mais “importantes” e “fundamentais”  relacionadas aos computadores).

Minha provocação a vocês, valendo 9 CKs (supondo de hora a hora e meia de trabalho por 3CK/hora  e um bônus de 4,5 CK – confere, Profs Severo e Braga?), é que escrevam um comentário a respeito (mínimo de 250 palavras, máximo de 500 palavras). Algumas  pontuações para tentar ajudar em vossos comentários (vocês podem levá-las em consideração ou simplesmente desprezá-las):

a) que bobagem, não há qualquer relação entre uma e outra foto

b) há alguma relação, mas não essa aparentemente insinuada, a de que nada teria mudado em termos do trabalho feminino em informática

c) ENIAC? O que é isso?!

d) pois é ...

e) eu, hein!

f) hmmm.... tem muita coisa aí para ser levada em consideração.

g) o que vale para os EUA não vale para o Brasil, portanto  nós, brasileiros, não temos nenhuma relação com essa situação

h) uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa

i) as mulheres continuam infelizmente ganhando menos que os homens no mercado de trabalho porque, como nessas imagens, a hipótese é a de que seu trabalho vale menos que o do homem porque é menos qualificado

j) o que é isso, companheiro?!

k) sou homem, acho que quem tem que comentar a respeito são só as mulheres, vou deixar por conta da Thamires, da Ana Paula e da Roseli

l) etc etc etc

Comentários

#1

Coloquem suas reações publicando comentários no post.

Abraços

#2

Olá boa tarde a todos... Gostei do do termo "mulher informata"....

Não sei dizer se no Brasil isso acontece, mas a realidade, é que são poucas mulheres que vemos na área... Muitas não gostam da área, outras acham difícil...  Enfim... acho que as fotos tem uma relação sim  sobre o trabalho feminino na informática, mas não sei dizer se na época do ENIAC, esse trabalho era exclusivo de mulheres , na foto parece que sim, o da foto de cima é um trabalho de homens e mulheres...

Respondendo as perguntas do prof. Severo, o que me fez gostar da área de informática, foi quando eu comecei a estudar informática num curso de informática que tinha na minha cidade, como eu fui uma aluna boa, me colocaram para dar aulas, ai comecei na área, era instrutora de informática, na época chamava assim, hoje eu não sei...kkk, ensinava windows, word, excel... O mesmo que aprendi no curso, depois passei a ser digitadora e trabalhar com mala direta, e depois para banco de dados usando access... ai depois entrei na faculdade ... pois queria me aperfeiçoar na área... A questão de ser uma mulher informata em PE depende da cidade, se for na cidade de Recife por exemplo, acho que será igual a Rio-São Paulo, Já em cidades do interior, geralmente te acham técnica de informática, ou que você não entende do assunto...

Sobre o salário das mulheres, acho que depende da qualificação,  mas o que vejo é que cada vez mais as mulheres vem conquistando  vários cargos importantes, nos mais diversos setores do mercado.  

#4

Para te ajudar a completar suas 250 palavras...

Por que você decidiu ser informata?

E quais seriam as diferenças entre ser uma mulher informata no eixo Rio-São Paulo e ser uma mulher informata em Pernambuco?

#3

Para ser bem sincero, acho que a maioria daqui (inclusive eu) não tem experiência no mercado de trabalho pra saber distinguir essas discrepâncias salariais/empregaticias de gênero. Quase toda a informação que eu tenho é do que eu leio/ouço falar, mas nunca vi na prática como funciona. O pouco que consigo ver é como consumidor em ambientes de trabalho alheio. Vou falar então o que eu presumo: ainda está no inconsciente coletivo, infelizmente, a imagem de que a mulher não é tão capacitada a desenvolver atividades mais complexas e que exijam um esforço intelectual maior do que as atividades corriqueiras. Acredito que as mulheres disputam as mesmas vagas que os homens na maioria dos casos, inclusive conseguindo o emprego desejado. Porém, uma vez dentro da empresa, sua perspectiva de crescer e consquitar seu espaço, almejando vagas e salários melhores, é muito baixa, graças a essa visão pejorativa que ainda persiste no ambiente de trabalho. Os supervisores, chefes, aqueles que podem promover seus subordinados, preferenciam o homem, """mais capacitado""", conscientemente ou não. É por isso que a mulher é retratada nas duas fotos como chaveadora de circuito. É comum um funcionário de TI começar a trabalhar em cargos como esse, mas, com o tempo, mostra-se capacitado para assumir cargos mais qualificados. A mulher, porém, acaba estagnando nesse ofício. Não que nos últimos 70 anos nada tenha mudado, tenho certeza de que a mulher está sim conquistando seu espaço, tanto na informática como em qualquer outra área, mas esse inconsciente coletivo ainda persiste, por ser a parte mais difícil de se mudar na sociedade. É uma questão cultural que existe desde sempre, do oriente ao ocidente, e só recentemente começou a mudar. São justamente essas imagens, essas sutilezas do dia a dia, que reforçam o nosso inconsciente preconceituoso e que perpetuam essa condição da mulher na sociedade. Ou seja, o caminho é longo.

#5

Apesar da minha opinião sobre o mercado se basear em leituras sobre o assunto e não por vivência (assim como ressaltou o Eduardo), acredito que há certa desvalorização da mulher na área de TI e que tal desvalorização é parte do reflexo de um processo que se inicia ainda na infância. Geralmente, meninos são introduzidos a brinquedos mais voltados à tecnologia (videogames, robôs, carros), enquanto meninas recebem brinquedos que remetem à vida doméstica e/ou familiar (fogão, panela, bonecas). Mesmo algumas das garotas que, durante a infância, demonstram interesse e tem acesso a videogames e computadores, por exemplo, são, muitas vezes, inferiorizadas (principalmente no universo dos games online), o que pode tornar um de seus primeiros contatos com a tecnologia bastante desagradável. Ou seja, há toda uma construção social que culmina numa ideia, falsa e velada, de que mulheres não gostam ou não possuem aptidão para realizar tarefas que envolvam conhecimento tecnológico, mais do que isso, que tais tarefas não são femininas. Enquanto, para o homem, desenvolver esse tipo de trabalho seria natural, normal. Isso se estende até a entrada no mercado de trabalho, mesmo as mulheres que “ousam” entrar na área de TI são, muitas vezes, julgadas como menos capazes do que alguém do sexo masculino com as mesmas habilidades. O resultado é a dificuldade para alcançar cargos de destaque e, consequentemente, a necessidade de assumir postos que exigem menor nível de qualificação. Infelizmente, essa realidade de inferiorização pode ser constatada até nas próprias tentativas de inserção da mulher no mercado da informática, como no caso da propaganda (o que chega a ser irônico visto que esse espaço deveria, na verdade, ajudar a modificar uma ideia tão errônea).

Seria hipocrisia da minha parte dizer que nada melhorou no decorrer dos anos que separam as duas imagens apresentadas, mas o machismo existente na sociedade como um todo ainda influi, e muito, na manutenção do preconceito e subvalorização do trabalho feminino nessa área e em muitas outras. Ou seja, trata-se de uma questão cultural e sociológica que deve ser analisada e desconstruída desde sua origem para surtir efeitos mais significativos e trazer igualdade de gênero ao cenário de TI.

#6

Thamires, Eduardo, Roseli (e tod*s *s demais alun*s),

obrigado por seus comentários. Thamires e Eduardo, parabéns pelo capricho no texto, é sempre um prazer ler um texto bem redigido. Aos próximos comntaristas, fica o desafio de trazer informações de fora, tipo: existe alguma pesquisa que procura mapear a diferença salarial entre homens e mulheres no mercado de trabalho em geral? no mercado de trabalho em informática? Pesquisas no Brasil? no mundo? nos EUA (essa pesquisa da georgetown university existe e está disponível)? Se cada um de vocês, no espaço exíguo de 250 palavras trouxer um dedo de informação (com a indicação das fontes), teremos no final do processo um texto coletivo e bem infromado, uma pesquisa coletiva e colaborativa, Bora nessa? É  tentar que cada um acrescente no seu comentário  algo novo, algo diferente, algo ainda não dito, algo ainda não informado.

#7

Não acho que a foto de cima tenha algum significado relacionado a posição mais baixa da mulher dentro do campo da computação ou algo assim, me parece apenas uma stock photo escolhida por ser mais "dinâmica" que uma mulher sentada em frente ao computador com um código que não faria sentido a transeuntes, sendo a semelhança entre as fotos apenas uma coincidência. Entretanto, acredito que existe sim um problema bem grande em relação à representatividade feminina dentro do nosso campo de estudo, e é justamente isso que o anúncio tenta melhorar, exaltando vantagens do campo da Computação e sendo focado nas mulheres. 

Outro ponto que julgo interessante é que pelo que eu leio essa diferença de representatividade não foi sempre tão grande — em 2014 saiu um artigo da NPR que questionava a queda percentual das mulheres na Ciência da Computação a partir da década de 1980, e cuja conclusão aponta fortemente para o ponto levantado pela Thamires sobre meninos serem mais incetivados a "brincar" com computadores do que as meninas, o que acaba gerando um interesse desproporcional. A consequência disso é um número maior de garotos do que garotas querendo enveredar pelo campo da computação, e sem influência externa a tendência é isso se tornar uma bola de neve, com a narrativa de que computação é "coisa de menino" e o baixo número de mulheres se tornando empecilhos. Um jornal da universidade de Yale recentemente publicou um artigo sobre como isso afeta a vida das "informatas" dentro da universidade. (bônus para reclamações sobre 25% de mulheres, quando aqui na UFRJ esse número está mais próximo de 10%)

Também pode ser de interesse geral uma notícia que li recentemente sobre a contribuição de mulheres em projetos open source, dois vieses sobre a frequência com que essas contribuições são aprovadas e potenciais explicações para isso. Outro link relevante é a página Women of Silicon Valley, no Facebook, que publica entrevistas com essas "sobreviventes"

#8

Rodrigo,

excelentes referências, muito obrigado! Dei uma passada d'olhos nelas e pude constatar que ajudam muito a seguir na discussão de forma mais fundamentada. A do GitHub é muito reveladora, a de Yale poderia ter um análogo ECI e a do facebook nos proporciona um termo muito interessante: "femgineer" (o que abre o problema para todas as engenharias). Quanto ao seu argumento "uma stock photo escolhida por ser mais "dinâmica" que uma mulher sentada em frente ao computador com um código que não faria sentido a transeuntes, sendo a semelhança entre as fotos apenas uma coincidência", é sem dúvida pertinente, se entendida a coincidência como oposta a uma escolha deliberada, mas esse entendimento não elimina a dúvida: e se o anúncio fosse para rapazes, uma stock foto como essa seria "coincidentemente" escolhida? Melhor ainda, haveria uma stock photo como essa protagonizada por um homem? Alinhando-nos com o que comentou a Thamires, e mudando o exemplo para te provocar: há stock fotos de meninos brincando com bonecas?  Moral da minha provocação: as stock photos são assim tão inocentes? e as escolhas de stock photos são igualmente tão inocentes?

#9

Bom, antes de fazer meu comentário, eu resolvi dar uma pesquisada  sobre a Pc Age Career Institute, para poder tentar entender um pouco mais sobre a imagem, que a princípio  já não me incomodava e já me permitia inferir algumas coisas. Vi, em seu website, que se tratava de um instituto da área de TI com cursos focados em certificação. E a área que eles querem preparar o aluno, é adivinhem só? A área de redes de computadores; e uma das suas principais preparações é voltada para um administrador de redes. Acredito que isso seja justificava de sobra para aquela primeira imagem, que mostra um ambiente em que um profissional na área de redes deve estar habituado.  

Na verdade, não faz muito sentido para mim uma propaganda, em pleno século XXI, em que você coloca uma possível futura aluna num ambiente desfavorável e pobre, achei esse post muito estranho. No próprio site do Pc Age tem outra imagem, onde há um homem também próximo a um monte de cabos, normal; coloquem no google imagens “administrador de redes”, vocês também verão um monte de imagens do tipo, uma pessoa que trabalha com cabos, switches e servidores. Talvez seja até mesmo essa a imagem que as pessoas em geral e o marketing pensam quando se imagina um profissional que atue com redes, e não necessariamente uma pessoa sentada o tempo todo em frente a um computador, como aponta bem o Rodrigo.

Pesquisando um pouco também sobre o contexto da segunda imagem, notei que de fato ela é similar a primeira, porém num sentido positivo. Em como essas mulheres parecem ou realmente são boas e importantes naquilo que elas estão fazendo. Um grupo de mulheres da segunda imagem, ou as que pelo menos atuavam junto ao computador ENIAC, foram responsáveis pela “programação” e a realização de cálculos que esse computador fazia, que eram até bastante complexos para a época. Por sinal tem até um documentário e várias reportagens sobre isso, nas quais elas são exaltadas, tidas como as mulheres pioneiras na programação e parte fundamental desse início da computação. Elas podem não ter sido apropriadamente reconhecidas na época, mas não vejo nada de papel secundário ali, elas estavam fazendo a programação do computador, o que envolvia também plugar e modificar a posição de uma série de cabos. Eu entendo a problematização do post, e não posso dizer que essa situação é inexistente, “This is a man's world”, nada contra a ideia, mas acho que esses exemplos não foram dos melhores. 

#10

Diferente do que foi proposto, o problema que eu vejo na primeira imagem é a oferta de oportunidades exclusivas para mulheres. Eu concordo que há machismo no subconsciente da população (e isto deve mudar), o que é natural vindo de uma sociedade patriarcal, mas, diferente do proposto por muitos atualmente, eu não acho que o meio de corrigir seja beneficiar mulheres em detrimento dos homens. Na minha opinião, uma proposta deveria ser "cega" em relação ao gênero, raça etc. Só assim acabará distinções e, consequentemente, preconceitos e machismo. Ainda assim, acho válido um incentivo para atrair mulheres para a área mas, uma vez inserida na área, ela deve passar por todo o processo e dificuldades, assim como um homem passaria, naturalmente.

Observação: concordo com a igualdade de gênero. Isso inclui direitos e deveres. Assim como a maioria dos cargos mais qualificados outrora foram ocupados por homens, aqueles menos qualificados também o foram. Por exemplo, a cultura era de que o homem iria trabalhar sob o Sol com a enxada, pá etc. (trabalho braçal) enquanto a mulher trabalharia na casa, cuidaria do filho etc. Alguns questionamentos: Alguma mulher quereria o supracitado trabalho braçal? Como seria visto pela sociedade um casal em que a mulher trabalhasse fora e o homem ficasse em casa cuidando do filho, como "dono de casa"?

#11

Eduardo araujo,

Obrigado pelo ótimo comentário. Foi muito esclarecedor dar um pulo no site do tal instituto onde de fato se pode ver homens e mulheres chaveando circuitos como uma espécie de imagem padrão para a área de redes, o que em princípio seria "natural" para um curso de administraçaõ de redes (me pergunto se uma imagem dessa seria tão "natural" para um profisional de marketing ou mesmo da área de redes, mas essa é uma outra história). Neste sentido o viés de discriminação de gênero perderia força, mas não o viés de gênero (que é o cerne da minha provocação), uma vez que a publicidade se dirige espeicficamente à capacitação profissional de mulheres. Todavia não consegui entender o que vc. quis dizer com "Na verdade, não faz muito sentido para mim uma propaganda, em pleno século XXI, em que você coloca uma possível futura aluna num ambiente desfavorável e pobre, achei esse post muito estranho". De novo, o post provoca a respeito da caracterização do ambiente de trabalho em TI percebido pelo viés de gênero, ou seja, nenhuma relação com "ambiente desfavorável e pobre". Quanto ao sentido positivo das mulheres na segunda imagem, há sim textos com esse olhar, mas também há muita literatura feminista (especialmente a norte-amerciana) bastante crítica sobre o papel secundário da mulher nas tarefas mais "nobres" da ciência e da tecnologia. Por exemplo, Katherine Hayles em "Computing the human" (Theory, Culture & Society 22(1), pp. 143-144 grifos meus) "the fact that the ‘human beings are special’ position has a long history that achieves special resonance in the triad of humans, machines, and animals. Although the configuration of these three terms has changed over time, the desire to arrange them to prove that humans are special has remained remarkably consistent. During the Renaissance humans were thought to be special because, unlike animals (who were then the closest competitors for the ecological niche that humans occupied), humans are capable of rational thought, a functionality they share with the angels and proof that they are made in God’s image (at least men were; it took some centuries before women were admitted into the charmed circle of rational beings)." Ou artigos como "Masculine World Disguised As Gender Neutral", de Tarja Kuosa (Women, Work and Computerization, Volume 44 of the series IFIP — The International Federation for Information Processing pp 119-126), cujo abstract é "This paper describes the masculine bias in the computing profession through an analysis of computing professionals’ speech. This paper is based on empirical material that contains the visions of the future of 24 computing professionals. On the surface these visions seem gender neutral. However, as these visions are analysed in depth, it becomes clear that they describe the male world where women are seen as a problem.". Ou seja, há controvérsias!

 

#12

Obrigado, Thiago, pelo seu comentário. Uma observação a respeito da passagem "Na minha opinião, uma proposta deveria ser "cega" em relação ao gênero, raça etc. Só assim acabará distinções ...". Essa é uma discussão em marcha no nosso país (e em muitos outros) e é por conta dela que se propõem as chamadas ações afirmativas. No contexto específico da nossa UFRJ, onde dou aula desde 2002, o efeito das ações afirmativas é claramente visível, e, na minha humilde opinião, é responsável por uma mudança para muito melhor da realidade da UFRJ. E quanto ao homem cuidar dos seus filhos, isso também vem mudando de forma acelerada em alguns estratos da população e em alguns dispositivos legais como a licença pternidade (atualmente em 5 dias conforme a constituição de 1988, mas já sendo discutida a sua ampliação para 20 dias).

#13

Boa noite, após ler todos os comentários, fiquei me perguntando sobre tudo. É um assunto que não conheço muito, pois nunca pensei muito sobre o assunto. Concordei com diversos comentários acima e tentei pesquisar um pouco mais para ver se poderia ainda trazer algo novo a discussão. Olhei um pouco e vi que realmente toda a vida fomos ensinados valores que são considerados femininos e masculinos. E o ambiente comum dos alunos de computação sempre foi hostil as meninas desde a infância, desde as brincadeiras comuns aos ambientes nerd como jogos online, em que meninas por vezes relatam abusos e preconceito, e até durante sua formação acadêmica, elas são tratadas com preconceito, o que acaba afastando por muitas vezes durante o próprio curso e tornando sua participação na área seja escassa. As meninas que costumam concluir os cursos na área tem status de sobrevivente, procurando artigos na internet sobre, eu achei um blog bem interessante de uma graduanda de ciência da computação da USP. No mesmo, há relatos de diferentes moças que se formaram e o que elas tiveram que passar para "sobreviver" a área e como elas se viram desde então, além disso eu vi uma seção muito legal que trata de oportunidades específicas para mulheres. Ou seja, é uma comunidade de computação feita de mulheres para mulheres que amam a área e tentam sobreviver. O que me lembra comunidades de outras minorias, e eu fiquei meio feliz por elas terem um espaço assim, considerando todos os preconceitos e todas as dificuldades que as mesmas tem de passar no decorrer do curso. E, bom, para finalizar eu acho que a solução passa por uma reeducação da sociedade em geral, acho que o ponto que mais mudaria isso tudo seria uma separação desse conceito de atividades femininas e masculinas que tanto afastam as pessoas das áreas. Imagino que essa seja a solução da maioria dos preconceitos também, já que eles vem enraizados desde a infância.

#14

Prezado professor Cookierman,

Eu que agradeço pela sábia e tranquila resposta a um comentário repleto de críticas, o que me motiva a fazer mais um longo comentário.Voltando o assunto, tentarei esclarecer alguns pontos.

ambiente desfavorável e pobre”, no sentido do ambiente ser supostamente vinculado a um trabalho menos qualificado e, consequentemente, com uma remuneração significativamente menor. Eu acredito que essa inferiorização da mulher na computação em uma propaganda em pleno século XXI seria bem estranha, por ser um momento em que as mulheres já estão presentes em todas as áreas e querem cada vez mais serem valorizadas no mercado de trabalho, e na sociedade como um todo. Portanto, acho que seria pouco inteligente você a colocar numa posição secundária quando a figura feminina está tão exaltada nas mídia, nas redes sociais e no mundo, ainda mais numa propaganda. 

Bom, e a propaganda se dirige exclusivamente a mulheres porque provavelmente essa seja a finalidade do anúncio, atrair um público feminino maior. Talvez um anúncio em que houvesse um homem ou que fosse de alguma forma unissex não fosse tão efetivo nesse quesito. Não consigo enxergar nenhuma problematização de viés de gênero nisso, por que uma propaganda voltada exclusivamente para o público feminino faria com que esse público fosse considerado menos capacitado?

A minha estranheza em relação ao post, se refere ao fato de eu não reconhecer, pelos argumentos já apresentados, nos exemplos que o senhor citou, essa diferença na importância do trabalho exercidos pelos diferentes gêneros. Quanto as citações, não discordo quanto a uma concepção de que as mulheres teriam sido consideradas, no passado, pouco importantes, não somente na computação. E nem seria iludido o suficiente para achar que todas as mulheres tiveram uma atuação importante nessa área, na verdade acho que exemplo que o senhor citou do ENIAC foi exatamente uma das poucas exceções rs. Eu não acho que o assunto seja irrelevante, o que eu fiquei incomodado realmente foram com os exemplos. 

#15

Assim como os outros, não tenho experiencia no mercado de trabalho para afirmar essa descrepancia, mas vendo as materias relacionadas a este assunto e reportagens nas midias, acho que isto é um desrespeito a mulher. Não sou a favor do machismo nem do feminismo, sou a favor do ser humano. O que eu vejo e quero sobre este assunto nesta imagem resume tudo. Temos que entender que as mulheres e os homens são diferentes, e é obvio e evidente que as mulheres tem maior destaque em algumas áreas e os homens em outras, nossos cérebros são diferentes, nosso porte fisico diferente, mas é claro que existe excessões, existe esforço, existe ensinamentos, tudo isto influência quem nós somos.   
Hoje a sociedade é classificada como machista, mas eu acho que não é "machista" o termo correto, ao meu ver está mais para "preconceituosa", um exemplo disso é o quão raro são homens exercendo a profissão de professor na educação infantil, será por que? Homens não são aptos a lidar com crianças? Preconceito dos pais com medo de abuso sexual? Tudo isso, culmina num nímero pequeno, quase inexpressivo de homens atuando na educação infantil.

Para um sociedade melhor é necessario que entendamos nossas diferenças, aprendamos a conviver com elas e acima de tudo respeita-las, com isso poderemos usá-las em prol da sociedade . 

#16

Caros Eduardo Araujo, Luis e Marcus,

obrigado pelos ótimos comentários (E no teu caso, Eduardo, obrigdo pela tréplica). Infelizmente não tenho mais tempo para comentar um por um por eecrito. Amanhã nos vemos e eu comento ao vivo e a cores.

#17

Ao analisar a provocação proposta e levando em consideração o que o Eduardo disse sobre a PC Age Carrer oferecer cursos nas àreas de tecnologia incluindo a área de redes (que supostamente seria o que a imagem está representando), em um primeiro momento não vi nada que estivesse, de alguma forma, inferiorizando o trabalho feminino, porém, algo interessante de se falar sobre a imagem é que ela informa que mulheres na área de TI recebem cerca de $56,664 por ano, porém no próprio site do PC Age Carrer também diz que, homens na mesma área ganham $72,498 por ano, isso é um indício, porém não uma prova, de que o trabalho feminino ainda é desvalorizado quando comparado com o masculino. Assim, independente da atividade exercida, ainda há essa diferença significativa em relação aos gêneros no mercado de trabalho.

Acredito que a igualdade de gênero(binário ou não binário) deve ser alcançada para que a sociedade como um todo evolua. Li e concordo com boa parte das coisas que já escreveram aqui, porém discordo um pouco do Thiago quando ele diz “proposta cega”. Hoje, podemos dizer que a sociedade ainda é muito machista, visto que frases do tipo “isso é coisa de homem”, “ela fazendo isso parece um homem”, “isso não é coisa pra mulher” ainda é muito frequente no dia a dia, então esse tipo de proposta onde destaca um grupo específico, no caso a mulher, é válido pois valoriza o mesmo e mostra que elas podem ir contra o que a sociedade impõe.

#18

A experiência que tenho acerca de mercado de trabalho é a ausência da mulher em certos tipos de trabalhos na área da informática. Trabalhei um período em uma consultoria web como programador, e praticamente todo o quadro de funcionários era homem. Haviam mulheres apenas no setor comercial/relacionamento com clientes, e duas designers na empresa. Além disso, um exemplo em nossa realidade é que nós estamos indo para o segundo período consecutivo em que, muito provavelmente, não haverão novas alunas no curso de ECI.

Como a Thamires falou, uma possível causa disso possa ser a falta de contato com tecnologia em muitas meninas em sua infância. É nessa fase da vida que despertam a maioria de nossos interesses, e, com a falta de contato, acabam surgindo menos mulheres interessadas em desenvolver soluções informatizadas. Um exemplo que ilustra isso é: há um tempo atrás, em um jogo online, conheci uma garota que, anos depois, veio a se tornar programadora (bem antes de mim, por sinal) e, quando descobrimos que trabalhávamos na mesma área, começamos a trocar algumas idéias de projetos, algo muito interessante, porque ela, por ter mais experiência, me ensinou muita coisa!

Quanto a visão salarial da mulher, eu particularmente não tive contato com uma disparidade por conta do sexo ser diferente. Nem na empresa que trabalhei, nem conversando com essa minha amiga. Contudo, imagens como as aqui publicadas podem representar sim um trabalho hierarquicamente mais baixo, mas não é uma regra.

Pra mim, a participação da mulher na computação seria muito maior se isso fosse fomentado desde sua infância, despertando desde cedo tal interesse.

#19

Como sabemos, nos primórdios da computação ali estavam em grande representatividade as mulheres. Há muitos rumores e fatos quanto a isso, seja pela ligação histórica da época das mulheres como matemáticas, sejam o "eram mais atentas e delicadas" para lidarem com os cabos/equipamentos. Mas o que é inegável fato é: as mulheres foram gradualmente empurradas da computação quando a mesma começou a dar lucro e a ser vista por maiores investidores (sejam governos, sociedade ou empresas) como "futuro". Quando a computação foi perdendo seu caráter experimental e foi ganhando ares de fundamental, tiraram as mulheres de lá: altos salários e postos de ciência e importância para mulheres? Claro que não, oras!

E, infelizmente, hoje ainda é assim apesar de avanços no resgate da presença feminina na computação. Se reparar, mesmo as meninas que "vingam" na informática hoje em dia, formam um grande número front-end/web design e tem aumentado o número de técnicas de informática. Sim, são todas áreas importantes também e todo começo é um começo, mas onde estão as engenheiras, as desenvolvedoras, as analistas..? É como se tivessem aberto uma portinha, mas ainda tivessem medo de realmente nos deixar avançar por um caminho que é tão nosso quanto de qualquer rapaz: devemos ser avaliadas por nossas competências e ambições, não por nosso gênero.

O meio da informática ainda é hostil para as mulheres por medo dessa tomada de poder, mas vejam só vocês disputam altos postos/projetos com outros homens também, não queremos excluí-los disso, queremos ter o direito de entrar também no jogo e jogar limpo. A gente quer estar aqui não por sermos mulheres, mas por sermos competentes e capazes - e queremos que vocês nos vejam assim e não queremos ser cortadas, julgadas ou indeferidas só por termos nascido mulheres. We can do it!

Quem lembra do caso da Sarah Sharp?

#20

Olá!

Prof Severo me convidou pra opinar aqui sobre mulheres que trabalham com TIC... Sou mulher, formada em Ciência da Computação e trabalho com TI desde 2006 :)

Realmente temos poucas mulheres e sofremos discriminação na área. Percebemos bem isso quando estamos num evento de TI e as pessoas logo pensam que somos gerentes ou namoradas/esposas/acompanhantes de algum homem. Também vemos isso quando as opinões técnicas de mulheres sobre algo só são aceitas se tiver a validação de um homem.

O estudo sobre a diminuição de mulheres em computação mostra que éramos muitas na área e os números foram diminuindo. Há muitas tentativas de entender o motivo dessa mudança e o texto fala sobre a propaganda que os computadores eram brinquedos para meninos.

O machismo existe na sociedade e, claro, também está presente na área de TI. Alguns dos machismos que acontecem na área: http://thinkolga.com/2015/04/09/o-machismo-tambem-mora-nos-detalhes/

O problema é que fomos "ensinadas" a acreditar que exatas é uma área para homens. Isso é uma construção social e precisamos trabalhar individualmente e coletivamente para mudar essa ideia.

Não acredito que a ausência de mulheres na área é por não gostarem ou acharem difícil, mas por terem sido conduzidas a acreditar nisso desde pequenas... Além das propagandas de brinquedos que dividem brinquedos para meninos e meninas, ainda tem a sociedade que diz que tipo de atividades as mulheres (e homens) devem fazer e como devem se comportar.

A pesquisa do GitHub revela uma informação importante: os códigos de mulheres são mais aceitos nos casos que seu gênero não está explicito. No geral, as mulheres precisam mostrar mais que os homens para ter o mesmo reconhecimento que eles.

Eu (até hoje) não tive problemas com salário menor que um homem no mesmo cargo por ser mulher, mas sei que isso acontece com algumas mulheres.

Só pra comentar sobre as imagens, as mulheres da segunda imagem foram as programadoras do ENIAC e era um trabalho que poucos sabiam fazer naquela época. O trabalho delas foi fundamental para o funcionamento do ENIAC, super qualificado!

Espero ter contribuído :)

#21

Devemos ser avaliadas por nossas competências e ambições, não por nosso gênero

Essa brilhante frase da Mariana é exatamente o que eu quero dizer por proposta cega.

Além disso, como a Mariana e a Daniela falaram, e eu achava antes (porém sem embasamento para afirmar aqui), o número de mulheres na área costumava ser grande. Percebe-se pelo grande número de professoras em computação. O problema é que a quantidade de mulheres que entram hoje em dia é baixíssima (em alguns períodos a turma de ECI de 25 vagas, foi preenchida 100% por homens).

Não sei como foi o momento em que as mulheres começaram a perder seu espaço. Segundo a Mariana, foi quando começou a dar lucro. Alguns fatores que, na minha opinião, são determinantes para o baixo número de mulheres que escolhem cursos de computação:

  • A falta de incentivo ao ensino de programação (ou coisas relacionadas à computação em geral) no ensino fundamental e médio cria o desconhecimento a respeito do que esperar de um curso de computação. Na minha escola, por exemplo, as aulas de "Informática" faziam parte da grade horária da matéria "Artes" (apenas no ensino fundamental, inclusive) e nessas aulas aprendia-se basicamente a fazer desenhos/animações em alguns programas específicos
  • Esse desconhecimento, junto com meios de comunicação e filmes (por exemplo) criam um estereótipo de uma pessoa da computação. Acredita-se que o "ser" de computação é, no mínimo, estranho. Algumas outras características estereotipadas: antissocial, homem, gordo, tarado (às vezes passa essa imagem), mal intencionado (a questão de ser hacker no sentido ruim da palavra) e, às vezes, com aquela barba florestal. Essas características resumem alguém "estranho", principalmente para as meninas do ensino médio e que seria "excluído". Falo isso baseado na minha escola e na minha experiência, claro.

#22

thiagoluismaia Exatamente por não ser assim que há problema. É por sermos (sub)julgadas por sermos meninas. E somos.

Vou deixar meus casos mais leves aqui:

- Na primeira empresa que trabalhei, no primeiro projeto que desenvolvi sozinha, meu gerente disse "seu projeto é ótimo! Mas o que acha de deixarmos o "João" tocar a ideia? Sabe como é.. você é a única menina, ninguém vai querer te ouvir..";

- Num dos primeiros trabalhos em grupo (sem ser com meus amigos) que fiz na faculdade, falaram que eu não precisava programar em si, que era só eu anotar as coisas porque eu parecia ter "letrinha bonita";

- Já ouvi de um cliente que menina em computação ou é lésbica (como se ser lésbica fosse algo ruim) ou é p*ta, porque para ficar no meio de um monte de homem ou tem que "ser um" ou quem que gostar muito de um;

- Já ouvi de professorA que meninas como eu não se tornam cientistas (antes de computação eu cursava física), eu fui uma das 6 pessoas aprovadas na matéria dela. Ela me julgou por fútil por eu gostar de me arrumar. Escutei num workshop que se eu quisesse ser aceita/não sofrer preconceito no meio da computação, deveria começar a me vestir de um jeito mais "andrógeno". Eu não acho que eu gostar de fazer as unhas ou de vestido me faz melhor ou pior pessoa ou programadora, menos ou mais capaz e inteligente;

- Tenho uma amiga que desistiu do curso que estava fazendo numa conhecida instituição no Rio porque o professor disse que "com favores e um chopp" ele arrumava estágios pra ela, pq ela era uma "gracinha";

-
Eu desejo de coração que minha frase se torne real "Devemos ser avaliadas por nossas competências e ambições, não por nosso gênero", mas infelizmente ainda somos e somos fortemente. Eu gostaria que esses comportamentos deixassem de ser vistos como "é assim mesmo", não, não é assim. Não é normal desrespeitar, tolir e anular outra pessoa e subjulgar suas pretenções, habilidades e competências assim, isso tem que parar de ser visto como comum. Comum deve ser "se ser quem se quer e quem se esforça pra ser".

Hoje eu não estaria na computação se não fosse o estímulo do meu irmão e das meninas do RailsGirls. Então deixo aqui meu convite, sejamos todos um pouquinho incentivadores também, não só das meninas, mas de qualquer pessoa que tiver o sonho, desejo, curiosidade, vontade.. de se achegar idependente de gênero, orientação sexual ou qualquer outra coisa. Por uma comunidade com mais gentileza no coração e códigos limpinhos, todo mundo sai ganhando.

Incluir. Diversidade gera valor.

#23

Caríssimas MAriana e Daniela,

muitíssimo obrigado pela generosidade de dividir conosco as suas contribuições às discussões deste post. Daniela, não conhecia esse site Olga. Mariana, não conhecia a história da Sara Sharp (e, perdoe-me a ignorância,  o que são  as RailsGirls?).  Mariana, obrigado especialmente pelo corajoso compartilhamento dos seus "casos mais leves". Fica aqui a sugestão de colher depoimentos como esse seu e passá-los (o teu inclusive) para o papel para que possam circular mais amplamente. A Thamires escreve muito bem e pode ajudar nessa empreitada, certo, Thamires? Fico à disposição.

Thiago, agora sua posição ficou mais clara.

#24

Em primeiro lugar, gostaria de evidenciar que, em minha opinião, o problema que estamos debatendo é muito maior do que a valorização ou não das mulheres na área da computação. Penso que o real debate gira em torno da construção social da mulher como sendo um ser “não tão” analítico quanto os homens, por premissa. Dessa construção certamente derivam a maior parte dos preconceitos e dos problemas que foram comentados anteriormente pelos colegas. Uma mulher precisa provar o seu conhecimento a cada instante na área de exatas, a sua capacidade analítica, o seu “valor”. Em contraste, o homem precisa apenas “não fazer besteira” para confirmar que é tão bom quanto suas atribuições ou certificações podem informar.

Nas imagens em questão particularmente não vejo algo pejorativo ou que desvalorize as mulheres, dado que é comum usar esse tipo de objeto de identificação (cabos ou grandes máquinas) para se referir a área de computação para o grande público. Será que colocar um terminal aberto com algumas linhas de código sendo escritas seria mais eficiente ou menos pejorativo? Acredito que não!

Todavia, ainda na questão da imagem e estética, aproveito o ensejo deixado pelo Thiago para um questionamento: qual é a cara do profissional de TI? Dentro dos próprios cursos na área de tecnologia existe um determinado arquétipo da fisionomia do profissional. Quando vocês pensam em um companheiro ou companheira de profissão alguém imagina um homem ou mulher com excelente porte físico, um atleta, uma pessoa metrossexual preocupada com a beleza de seu corpo e aparência? Para ser mais claro, vocês imaginaram pessoas assim? Recomendo a todos conhecerem a campanha #ILookLikeAnEngineer e a lerem esse texto.

Acredito que a área de exatas e engenharias ainda carrega um grande estigma do passado. Mulheres e homens sempre foram criados vendo homens ocuparem cargos de engenheiros e sendo alertadas que isso é o normal, isso desde a época de um Brasil colonial. Um pouco após,  com o aumento da participação feminina no mercado de trabalho, as mulheres foram aclamadas por serem muito melhores gestoras de RH, criativas e visualmente inteligentes do que muitos homens.”Mulheres são melhores com pessoas, homens são melhores com coisas”, isso é o que a sociedade nos ensina. Talvez essa seja a primeira barreira para a entrada das mulheres na área das exatas, mas acredito que exista outra um pouco mais sutil. Já pararam para pensar, dado o contexto de assédio e violência sexual do país, o quanto o fato de “só terem homens“ na área da engenharia pode pesar para a entrada ou não de uma mulher nesse campo? O medo dos trotes é comum em grande parte dos universitários, mas como será que ele é em uma menina de 17/18 anos que estudará sozinha com outros 20 ou 30 homens?

Finalizo com algumas reflexões e com menos respostas do que eu gostaria, mas que acredito que poucos ou ninguém possui. A melhor solução é algo paradoxal: “a melhor forma de atrair mulheres para a engenharia é tendo um grande número de mulheres na engenharia”. Somente com um referencial de identificação maior na área é que muitas mulheres terão maior coragem para entrar e “mostrar seu valor”. Somente com mais mulheres “mostrando o seu valor” a sociedade patriarcal atual conseguirá desfazer o arquétipo do homem-tecnólogo atual. Somente coma quebra do arquétipo vislumbraremos uma tênue luz de igualdade de gêneros. Mas , infelizmente, “só mente” quem acredita que isso acontecerá tão cedo.

#25

Muito bom, aliás sensacional a sua reação Lucas!!!

Aproveito para compartilhar e deixar anexado a contribuição da Daniela Feitosa (presidenta da Colivre) às nossas reações.

Estava conversando com o Henrique sobre como as reações neste post estão sendo um grande aprendizado para nós (os educadores, aqueles que aprendem). Estou realmente muito impactado com as evidências de que as mulheres sofrem agressões e abusos extremos no meio da computação.

O famigerado PDF "faltadepiroca" é uma evidência de algo inusitado para mim: a falta de respeito, a agressividade, a hostilidade que um grupo de organizadores do evento BHACK (as agressões foram em 2013 e no evento de 2015 eles continuam na organização) teve com uma mulher que questionou a quantidade de palestrantes mulheres no evento.

Uma reflexão/provocação sobre a nossa formação como Engenheiros de Computação e Informação e afins da área de TICs.

Cito as frases que definem esse evento:

"A Bhack é uma conferência voltada à Segurança da Informação (SI). Evento este que ocorre nacionalmente desde 2004. Além disso, o evento é anfitrião do Slackware Show na capital mineira.

O SlackShow é um evento anual de Software Livre criado originalmente por usuários da distribuição Slackware Linux. O evento foi idealizado com o objetivo de promover palestras e mini cursos para o público avançado, cansado de eventos focados em negócios e vendas.

O evento passou a tratar assuntos mais amplos desde que ocorreu em anexo a BHack Conference e OWASP Uai Day (2013) e com H2HC (2014), e deixa de abordar apenas assuntos focados em Slackware, passando assim a abranger diversos assuntos técnicos e práticos para melhorar sua carreira em TI. Este evento é ideal para estudantes que queiram ingressas na carreira técnica e para profissionais já qualificados no mercado de trabalho.

A realização do evento é uma iniciativa do Grupo de Usuários Slackware Brasil (GUS-BR), tendo um papel de extrema importância na comunidade de Software Livre no país, auxiliando desde os novos usuários até os mais experientes em dúvidas, troca de experiências"

E retorno a um texto que vocês bem conhecem:

"E, para tanto, a sociedade precisa de um profissional multidisciplinar, capaz de:

- Dominar sistemas digitais, programando e se comunicando em redes, em especial, na Internet;
- Projetar aplicações avançadas envolvendo a Web, utilizando multimídia e banco de dados;
- Produzir software confiável;
- Projetar e gerenciar complexos sistemas de informação;
- Combinar simulação e realidade virtual.

Este profissional será formado no Curso de Graduação em Engenharia de Computação e Informação, recém criado pela Escola Politécnica da UFRJ."

Não duvido que os organizadores do BHACK sejam excelentes em "dominar sistemas digitais", em "Projetar aplicações avançadas envolvendo a Web", em "Produzir software confiável", mas ser excelente nesses saberes é suficiente para nos tornarmos @ profission@l/cidad@o multidisciplinar que a sociedade precisa?

Será que existem TACs suficientes no Curso de ECI para gente se tornar engenheir@s cidad@os que sociedade precisa para ser capaz de proteger-se e previnir-se contra preconceitos, discriminações e agressões?

Se o Tião Rocha estivesse lendo as nossas reações, ele diria o seguinte: uma boa causa para o curso de ECI da UFRJ seria "zerar" as agressões e discriminações contra as mulheres na informática. Discriminação Zero.

#26

Boa noite! Sei que estou meio (bem) atrasado com os comentários, mas espero poder contribuir em algo ainda. Achei fantástica todas as reações apresentadas aqui e as reações externas (e de meninas) que nos ajudaram a entender um pouco melhor as situações que elas são obrigadas a enfrentar.

Na mesma época que essa discussão foi criada aqui, foi a época que a campanha "Women in STEM" estava tendo uma grande repercurssão (Eu não sei se é uma semana dedicada a divulgação, mas grandes universidades americanas lançaram algum tipo de nota de apoio) e com isso vários links legais surgiram! Um deles que achei bem interessante é este do The Washing Post, no qual homens tendiam a dizer que outros homens eram mais inteligentes que a mulher mesmo que esta possuísse notas melhores (Ok, notas nem sempre são um indicador que um aluno A é "melhor" que o B, mas é como em geral avaliamos).

Se o Tião Rocha estivesse lendo as nossas reações, ele diria o seguinte: uma boa causa para o curso de ECI da UFRJ seria "zerar" as agressões e discriminações contra as mulheres na informática. Discriminação Zero.

E concordo com o comentário do Severo. Acredito que isso não ocorra com frequência na ECI, mas modificando nosso ambiente já é um grande avanço. Discriminação de gênero pode não ser tão comum na ECI, mas no CT e no IF é, e muito, principalmente através de "piadas" ou "brincadeiras" que, por estarmos de fora, nem percebemos que é sexista. Quem nunca ouviu uma piadinha do tipo: "A média da turma foi 2 e aquela menina tirou 9? Aposto que foi fazer a prova de decote/shortinho".

O comentário do Thiago me deixou curioso pq sempre pensei o contrário: 

Além disso, como a Mariana e a Daniela falaram, e eu achava antes (porém sem embasamento para afirmar aqui), o número de mulheres na área costumava ser grande. Percebe-se pelo grande número de professoras em computação.

Eu fui no site do COS dar uma olhada nisso e tentei fazer algumas anotações sobre proporções homens/mulheres, posso ter contado errado e também decidi não fazer "estatística" nenhuma para inserir bias, mas espero que possa ajudar alguém: (Basicamente é quantidade de mulheres/total. Eu queria ver quais as áreas de atuação que as mulheres mais estão presentes dentro do COS também, mas o tempo está meio escasso e não dá para fazer de forma automática :( )


#27

Boa noite Heitor,

muito obrigado pelo levantamento que fizeste.

Tenho duas coisas a comentar:

- você não está atrasado nada (os CK$ estão valendo rs).

OBS: Esse post sempre estará aberto para futuras pesquisas, debates e comentários. Inclusive vocês podem compartilhá-lo onde quiserem e convidar pessoas para comentá-lo.

- quando eu falei em zerar a discriminação como uma causa para nós de ECI e da COPPE, não estava me referindo apenas à politécnica. Estava me referindo às TACs que nós temos também que levar para fora (extensão) quando estivermos construindo ou aprendendo TICs e TACs por aí. Por exemplo, aquele pessoal da organização do evento "faltadepiroca.pdf" está debatendo, construindo e divulgando TICs (Sistemas Operacionais, Segurança em TI, etc) por aí, nós vamos ignorar esses profissionais trabalhando no mesmo meio que nós? Eu acho que eles podem aprender algo conosco.

Nós estamos na maior universidade do país, por isso eu acho que nós temos um compromisso ético e solidário de realmente levantar essa causa para além (não sei como e nem quando, talvez construindo um dispositivo de denúncia ou mesmo mantendo uma postura firme e ética ao conversar com as pessoas sobre esse tema).

#28

Heitor,

que espetáculo seu post, muito obrigado! Quero mostrá-lo ao PESC mas, perdoe a ignorância, não consegui destacar a figura do teu post. Ou algum universitário me explica (entrei no modo edição e ainda assim não consegui) ou peço a você a gentileza de me mandar a tua compilação ao meu email (hcukier [at] cos [dot] ufrj [dot] br).

Obrigado,

Henrique

#29

Acho que a melhor coisa que pode ser feita é olhar para a situação com um olhar estatístico - justamente como o Heitor fez. Quanto a primeira a imagem, não sei se estou deixando escapar alguma coisa, ela parece não estar muito ligada a sexismo. Ela cita a diferença salarial entre as próprias mulheres dependendo de suas escolhas na carreira, se preferiram fazer graduação, tirar certificações, etc. A questão é: Estaríamos falando dos mesmos valores se fossem homens? Ou esses salários seriam maiores? A minha humilde aposta é de que seriam maiores. Quanto ao ENIAC, os créditos para o desenvolvimento deles é atribuído a dois homens, contudo, as mulheres da foto foram quem verdadeiramente fizeram o trabalho pesado de programação dele, elas eram 6 e neste artigo podemos ler bastante sobre elas. Mesmo não envolvendo salários, na questão do ENIAC é notável o crédito do trabalho associado aos dois homens em detrimento das mulheres.

É indagado se essa realidade é americana ou brasileira, pelo que eu já li o cenário parece pior no Brasil em geral. Não só na discrepância salarial da área de TI, mas em geral. Segundo reportagens que já vi, a discrepância na terra do tio Sam já foi bem abatida, enquanto no Brasil ela anda na casa dos 25% de diferença salárial.

Por fim, eu acho que os homens que tem consciência desse fato tem uma certa obrigação moral de tomar partido para ajudar a combater esse problema. Além do mais, acho bem improvável que uma mulher desmereça a qualificação de uma outra, dado que ambas compartilham desse estigma social. É mais provavel que um homem, com todo background social internalizado "a seu favor", venha a subjulgar o trabalho de uma mulher.

#33

legal, Celso. O artigo promete (pena que é enorme e eu estous em tempo para a leitura). Mas a tua conclusão aponta na direção correta, na minha opinião: teve que vir gente depois para restabelcer o mérito dessas mulheres na história do ENIAC.

#30

Pela postagem do Heitor, dá pra notar que, na área administrativa, as mulheres superam os homens (em número).

Enfim, de professores, há mais ou menos 1/4 de mulheres. Em contas rápidas que fiz no site do DCC (desculpa por não trazer levantamentos melhores), há aproximadamente 1/3 de mulheres. São números que demonstram que há mais homens que mulheres. Entretanto, o que eu quis comparar não foi a quantidade de homens e mulheres, mas a quantidade (proporção) de mulheres antes e agora (que cursam a faculdade). Se formos notar as turmas de ECI, faz tempo que não entram mais de 2 mulheres (um ano acho que entraram 3). No "melhor" dos casos, 3 em uma turma de 25 corresponde a 12% (e isso falando da turma com a maior quantidade dos últimos anos).

Olhando os 21,5% do levantamento do Heitor, e os 30% (aproximados) da minha rápida observação, notamos que esses números superam em muito os 12%. Há anos, inclusive, em que entraram 0 mulheres no nosso curso.

Essa foi a comparação que eu propus, desculpa a ambiguidade.

Link da imagem (para o Cukierman).

#31

obrigado! se bem entendi teu comentário, a situação da ECI é a pior de todas. Confere?

#32

Sabendo que não dá pra ser pior que 0%, sim. Ano passado não entrou nenhuma garota, até onde eu sei. Mas no geral eu não sei, porque nossa turma é pequena e uma garota representa 4%. 

Há engenharias como civil, ambiental e de produção (por exemplo) que são conhecidamente as que mais têm mulheres. (ACHO que às vezes chega ou até passa da metade da turma).

#34

Seguindo a provocação proposta e lendo os comentários, concordo com muito do que foi debatido aqui. Acredito que, ainda hoje, existe sim uma desigualdade de gênero e até mesmo discriminação dentro da área da computação, basta perceber as diferenças salariais que foram apontadas aqui assim como outros relatos.

Período passado tive a oportunidade de assistir uma palestra na própria UFRJ da Radia Perlman (cientista da computação com destaque para o setor de redes), onde ela destacou, dentre outras coisas, justamente essa questão de poucas mulheres na área da computação. Ela relatou como se sentia sendo muitas vezes a única aluna em sala e também como havia certa desconfiança por parte dos outros na sua capacidade por ser mulher. Para quem se interessar pode encontrar a importância dela para a internet atual.

Acredito que seria muito importante o incentivo nas escolas para a área de computação, algo que vem sendo debatido também lá fora, não só para meninos como também para meninas. Seguindo um esforço desde o ensino básico, demonstrando como funciona a computação e tentando despertar o interesse nos alunos, seria mais fácil desconstruir essa ideia de que computação é um setor de/para homens.

Como já foi dito, devemos ser avaliados por nossas competências e o incentivo deve existir para todos. A escolha de um profissional não deve depender do seu gênero assim como o seu salário também não deve ser afetado por isso. A imagem que existe hoje não vai ser mudar de um dia para o outro mas é preciso que seja debatido o quanto antes para que isso possa acontecer.

#35

Um dos caminhos que vocês apontaram como solução seria uma educação básica em tecnologias que inclua as mulheres desde pequenas. Aliás vocês também apontaram que é um problema as meninas serem excluídas do jogar (video game) ou da segregação de gênero no ato de brincar.

Ana Paula comentou sobre as mulheres jogando online na roda de hoje, mas deixo para ela esses comentários.

Meninas e meninos adoram aprender a programar brincando... vejam as imagens abaixo.

#36

Mas, numericamente, ainda são 4 meninas e 7 meninos!!!

Quem quer fazer oficina de CODE para inclusão de mulheres na informática???

#37

Quase não te achei nessa última foto hahaha

Quanto à oficina, é o que eu venho dizendo: sou contra uma oficina restrita a mulheres, mas acho válido dar um incentivo extra para elas participarem. É difícil organizar uma Hora do Código oficialmente?

#38

Organizar uma Hora do Código é molezinha... inclusive tem uma escola de ensino fundamental dentro do Fundão.

Para alegria do professor Cukierman nós poderíamos fazer uma breve pesquisa sobre meninas e computadores nessa escola e ao mesmo tempo uma atividade "Hora do Código". E o evento poderia ter essa chamada sim "Meninas e Computadores", mas seria aberto para todos brincarem juntos!!! 

E aí Thiago, vamos nessa? Quem mais topa? Rose, Ana Paula e Thamires poderiam estar presentes para as meninas entenderem que existem mulheres trabalhando com informática.

OBS: que bela imagem... um pai aprendendo programação com sua filha.

#39

Aos/às interessados/as em seguir a discussão, desta vez sobre as mulheres e a ciência.

a física Marcia Barbosa fala sobre ser mulher na ciência e afirma que "cultivamos a imagem de que homens são os que detêm o conhecimento"

Publicado em: 29/02/2016

 
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 Julian Dufort para Lóreal Foudantion)
 
Marcia Barbosa, diretora do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Foto: Julian Dufort para Lóreal Foudantion)
 
 

Marcia Barbosa é um nome importante para a ciência nacional. Além de ser diretora do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a física especializada em fluidos complexos é também membro da Academia Brasileira de Ciências e dos Conselhos da Sociedade Brasileira e Americana de Física. O currículo robusto e a trajetória bem-sucedida não foram o bastante para que a pesquisadora passasse imune por comentários machistas (“você está muito bem posicionada na carreira para uma mulher”) em um contexto dominado por homens: as ciências exatas. O sexismo da área incentivou Marcia a pesquisar como se configura o cenário nacional para cientistas brasileiras a partir da análise de dez anos de bolsistas do CNPq, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

ver a entrevista completa em http://www.select.art.br/8175-2/

#40

Para xs interessadxs em seguir na discussão de foma academicamente mais robusta, ver uma bibliografia anotada relacionada ao tema em

http://blogs.lse.ac.uk/impactofsocialsciences/2016/03/08/gender-bias-in-...

#41

Alô rapazes e moças,

o CNPq anda lendo o nosso blog e está tentando correr atrás!!! Vejam em

http://cnpq.br/web/guest/noticiasviews/-/journal_content/56_INSTANCE_a6MO/10157/4167190

abs e bom domingo!

#42

http://g1.globo.com/tecnologia/games/noticia/2016/03/mulheres-sao-526-do...

Então, segundo essa pesquisa, 52% dos jogadores de video game no Brasil são mulheres. Será que nossa teoria de que o menor numero de mulheres gamers seria motivo de ter mulheres na computação falhou?

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