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Leitores de tela que excluem

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Leitores de tela que excluem

Entrei em uma das conversas da lista de discussão do Acesso Digital, perguntando mais sobre o DOSVOX, um leitor de tela que (nunca usei, mas pelo que entendi) funciona como um sistema operacional completo para deficientes auditivos.

Me pareceu muito interessante de início, pois um sistema totalmente projetado para cegos poderia oferecer uma experiência muito mais fluida, rápida e fácil -- ao contrário dos leitores de tela comuns, que funcionam como um aplicativo do sistema operacional e que tem que se limitar a maneira deste operar (que geralmente é baseada no mouse e na informação visual).

Entretanto, esta resposta do Mac (cego, editor do BengalaLegal e referência em acessibilidade no Brasil) me fez refletir o que é realmente acessibilidade e da necessidade de projetar sistemas que possam incluir todos.

A resposta do Mac (ele incluiu o email com minha pergunta no corpo do texto):

Oi Rodrigo, boa tarde.
 
Você perguntou:
Estou desenvolvendo um projeto com um leitor de telas que trás um conjunto de ferramentas próprios, tal como foi citado que o DOSVOX faz. O que vocês acham disso? É melhor pensar em leitores de tela que "traduzem" a interface dos sistemas operacionais, ou vocês acham interessante um leitor de telas com ferramentas próprias, que sejam mais adequadas (rápidas e fáceis) à interface por som?
 
A segunda hipótese é justamente o que acontece com o Dosvox. Ele só se aproveita do Windows  para rodar seus programas particulares, próprios. Por isso ele é um  sistema/ambiente  isolado.
 
O que significa isso: imagina que eu até hoje estivesse utilizando exclusivamente o Dosvox, ou qualquer outro sistema semelhante. Que condições  de vivência prática de Windows, browsers, CSS, outlook, leitores de tela, eu teria? Nenhum, pois o sistema Dosvox tem tudo nele embutido. programa de FTP, chat, e-mails, editor de texto, etc, etc, etc... Não se coloca nem um tantinho do ouvido  fora desse ambiente fechado. Isso cria um certo isolamento de cegos utilizando a mesma ferramenta, tanto é que o prof. Antonio Borges chama os usuários do seu sistema de "Comunidade Dosvox".
 
O dosvox possui uma sintetização de voz para todo o sistema, não um leitor de tela, mas apenas a sintetização de voz para seus programas agrupados.
 
A outra hipótese que o amigo deu já nos coloca em interação com uma boa parte das pessoas que usam um sistema operacional comum. Pouquíssimas pessoas que enxergam, inclusive as pessoas que enxergam pouco, utilizam o Dosvox. Assim, o ambiente adequado a uma inclusão digital é justamente  o ambiente comum a uma maioria, onde todos possamos estar misturados e atuantes.
 
Por exemplo: se eu for conhecer um site com um amigo que enxerga e se eu for através do sistema Dosvox e seu programa  de navegação, justamente o navegador (navegador e não leitor de tela) Webvox, as cores da página será a mesma, porque como foi feito para cegos e cegos não precisam saber das cores das páginas,, toda a web fica com as mesmas cores, monocromáticas. 
 
Dessa forma, qualquer coisa desenvolvida para nós de forma moderna, não pode ser exclusiva, tem de nos colocar em um ambiente comum e não isolado... isso é acesso universal, coisa que o dosvox não tem.
 
Utilizei durante muitos anos  o Dosvox e quando o comecei a fazer, deslumbrei-me  com a facilidade de uso do Dosvox, os acessos que fazia a jogos como paciencia e outros, o chat conversando com pessoas com deficiência de todo o Brasil... Devo ter conhecido  mais de 600 cegos nessa brincadeira... mas sabe quantas pessoas que enxergam conheci? Uma.
 
Caramba, o MAQ militante foi quem respondeu esse e-mail!
 
Espero que o amigo tenha entendido.
 
Abraços inclusivos do MAQ.

Comentários

#1

Se os sites tivesse um arquivo de referência para áudio, a navegação poderia ser semelhante a um portal de voz.

Sobre a movimentação do mouse, estou postando hoje minha idéia.

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