Pular navegação

Reflexões sobre a reunião de |23.10.15| - Difusão - Personalização - Enquadramento

Descrição: 

Buenas pessoal, não se trata do relato da reunião de hoje, mas da tentativa de organizar as idéias em relação àquilo que debatemos hoje. O propósito é fazer um registro para as idéias não se perderem.
Não vou fazer nenhuma citação, nem estruturar o texto de maneira formal. A idéia é simplesmente tentar colocar "no papel" as várias coisas que pensei nesta manhã.

Assim, inauguro a modalidade TEXTÃO na vida do GPACE (o Marcelo vai entender isso?). Peço perdão :P

No esquema proposto pelo Marcelo levantava-se a indagação sobre se nossa questão central seria o processo de personalização da contestação possibilitado pelo uso das redes sociais.
Conforme discutíamos as propostas, me surgiu a idéia de que nosso ponto central talvez não seja a personalização tão somente, mas antes dela, talvez a possibilidade de exploração de um mecanismo da difusão possibilitado pelo uso das novas tecnologias da informação.
Isto porque a personalização parece (apenas uma hipótese inicial) não se dar da mesma forma entre organizações de mo vimento social, dependendo de sua natureza.  Talvez para aquelas organizações mais tradicionais esse processo nem seja tão relevante. Mas um fato que perpassa a todas elas talvez seja a possibilidade de difusão de repertórios e enquadramentos com um grau de alcance somente possibilitado pelas novas tecnologias de informação.
Neste sentido, proponho uma espécie de tripé de análise que gire em torno do eixo: Difusão - Personalização - Enquadramento/Alinhamento. Me parece, inicialmente, que o uso das mídias sociais é realizado de forma distinta pelas diversas organizações de movimentos sociais, de acordo com a sua natureza. Vou chamá-las de provisoriamente de organizações tradicionais e não-tradicionais, pois não consegui pensar em termos melhores, pelo menos até agora.

Organizações Tradicionais: constariam naquela primeira célula da tabela de 4 espaços que pensamos para analisar empiracamente. Seriam os movimentos sociais mais clássicos como MST, MAB, Movimento Sindical e etc.
Para mim, parece que o uso das mídias sociais por estes movimentos se dá pelo fato de que no mundo de hoje é praticamente impossível sobreviver desconectado e pare estes, o uso das tecnologias e redes sociais seria a possibilidade de aproveitar a capacidade de difusão que elas permitem, no sentido de fazer ecoar para mais longe ainda suas pautas e reivindicações. A hipótese inicial é de que o uso das novas tecnologias tem pouco impacto na maneira como estas organizações tradicionalmente se organizam, de maneira que aqui o grau de personalização provavelmente é baixo . O uso das redes sociais estaria mais restriro ao uso estratégico da sua capacidade de difusão de idéias.

Organizações não-tradicionais: seriam a novidade deste contexto contemporâneo: a multiplicidade de grupos/indivíduos organizados (ou semi-organizados) através das redes sociais, para os quais o modelo tradicional de organização coletiva não é desejado/necessário para que a mobilização aconteça. Aqui provavelmente o grau de personalização é alto e talvez seja preciso estabelecer uma distinção entre movimento e causa. Na reunião demos o exemplo das manifestações feministas atuais. De um lado temos o movimento feminista "clássico" ou organizado ou mesmo altamente estruturado, que talves se aproxime das formas organizativas dos movimentos mais tradicionais. Por outro lado, temos a potencialização da difusão da causa feminista possibilitada pelo advento das novas mídias/tecnologias. A novidade aqui seria que para manifestar-se, os indivíduos não necessitariam estar vinculados a grupos formais. A manifestação pode dar-se dentro das redes (e fora dela também) de maneira mais personalizada, pelo simples compartilhamento de idéias/causas/demandas ou pela capacidade de personzalização das mesmas, através das quais as pessoas relatam suas experiências particulares, mas as nanifestam dentro de um guarda-chuva conceitual ou de uma moldura interpretativa compartilhada por indíviduos distintos em lugares distintos. O importante aqui talvez não seja a organização propriamente dita, mas a capacidade/possibilidade de difundir enquadramentos e repertórios que criam ou reforçam identidades coletivas que fazem as pessoas sentirem-se parte de um todo, ao mesmo tempo em que manifestam-se enquanto indivíduos.

Sobre este exemplo, citamos os casos de indivíduos que antes não eram necessariamente engajados ou integrantes de movimentos sociais, mas que com o advento das mídias/redes sociais tornaram-se "celebridades" ou referências. O Felipe citou o caso do militante vegano que não fazia parte de um coletivo, mas hoje em dia "bomba" nas redes com seus posts. Dei exemplo da Jout-Jout e seus vídeos de conteúdo feminista, além de outras mulheres de tendências feministas diferentes. Tem também as "pessoas comuns" do twitter que por serem orginais, engraçados ou politizados e tweetarem de maneira interessante acabam por ter seguidores na casa das centenas de milhares e, dessa forma, acabam tornando-se cais de difusão intensa de idéias.

--> lembramos também que devemos considerar a autoridade/legimidade da qual gozam algumas figuras públicas como Gregório Duvivier, Eliane Brum, Kátia Suman e Rodrigo Constantino (pra dar um exemplo da direita) que por sua condição conseguem atingir um público muito maior. O mesmo vale para as grandes empresas da mídia, que fazem um uso das redes sociais (talvez nos mesmo moldes das organizações de movimento sociais tradicionais) no sentido de atingir um público maior e acabam fazendo da internet um canal complementar de seus espaços na TV, rádio e jornais.

Por último, pra não virar uma bíblia, consideramos que a questão feminista talvez seja o caso mais expressivo através do qual podemos entender e comparar as diferenças entre modelos tradicionais e não-tradicionais de organização, assim como os impactos gerados pelas tecnologias e redes sociais. E também cogitamos inserir no nosso rol de análises a questão envolvendo o Cais do Porto, que ao contrário de outros acontecimentos que já passaram (como a greve dos professores do Paraná), parece que ainda vai dar pano pra manga. E tendo durabilidade, poderíamos ter mais tempo para analisar, não constituindo-se em um "objeto" tão efêmero.

Enfim, desculpem se viajei demais, mas foi a tentativa de colocar aqui as coisas que pensei.


Sem mais de momento, subscrevo-me atentamente.
Att, vlw, flwz, abçs

 

Comentários