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Oficina Gênero e Cidadania

Ajuda

Oficina Gênero e Cidadania

1. Oficina Gênero e Cidadania
1. Unidade 1 ­ Sou cidadão – quero meus direitos! 
2. Unidade 2 ­ Resgate da auto­estima.
3. Unidade 3 ­ Gênero – Participe, mulher! Seu papel é importante.
4.  Unidade 4 ­ Blog ­ mas o que isso tem a ver com gênero?
5.  Unidade 5 ­ Meninas e Mulheres e computadores
6.  Unidade 6 ­ Projeto de Pesquisa 
2. Descrição
A oficina Gênero e Cidadania  cria um ambiente para reconhecer e reencontrar a 
essência   de   ser   criança,   jovem,   homem,   mulher   –   um   cidadão.   Partindo   dos 
conceitos de gênero e utilizando a busca dos principais recursos de navegação e 
pesquisa na Internet, os participantes realizarão um  estudo sobre  a criação de 
desigualdades   entres   os   seres   humanos.   Pelo   despertar   da   consciência,   os 
participantes encontrarão formas de estimular a igualdade entre as pessoas.   
3. Princípios
A   oficina   é   baseada   no   principio   da   busca   por   parte   do   público:   assim,   os 
participantes   utilizarão   as   ferramentas   de   navegação   com   base   em   seus 
interesses específicos, verificando e catalogando os resultados de suas pesquisas. 
Dessa forma, a utilização do navegador de Internet e a procura de informação 
farão parte de todo o processo.
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CASA BRASIL – Oficina Gênero e Cidadania
4. Público­Alvo
O   público   do   Casa   Brasil,   mulheres   e   homens,   que   tenham   interesse   em   se 
aprofundar e melhorar seu entendimento dos assuntos de gênero e cidadania. É 
necessário ter conhecimento de leitura e escrita.
5.Carga horária 
A oficina terá duração média de 20 horas. A freqüência recomendada será de 4 
horas semanais, dois dias na semana. 
6. Objetivos Educacionais
Ao final da oficina, a participante e o participante devem:
­ reconhecer­se como cidadã e cidadão e compreender como funciona o exercício 
da cidadania.
­ identificar e reagir contra todas as formas da violência de gênero contra a mulher, 
a criança, o(a) adolescente, e todo ser humano.
­ confiar em seus próprios atos e julgamentos e ter auto­estima, por intermédio da 
compreensão das questões relacionadas a gênero.
7. Habilidades e Competências
­ navegar pelo universo do direito.
­ saber como participar no movimento de não­violência contra a mulher, criança, 
adolescente e todo ser humano.
­ tornar   cada   participante   uma   (um)   multiplicador(a),   podendo   levar   o 
conhecimento adquirido para o seu grupo de acesso.
 
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CASA BRASIL – Oficina Gênero e Cidadania
8. Materiais necessários
Computadores com acesso à Internet, caderno para anotações, caneta, lápis e 
borracha.
9. Avaliação
Desenvolvimento de um Blog sobre um tema de gênero. 
Os   participantes   trabalharão   em   grupos   para   realizar   um   projeto   de   pesquisa 
sobre um assunto de gênero. Além disso, o Blog servirá como um espaço para 
compartilhar descobertas, sentimentos e lições aprendidas.
10. Atividades
Unidade 1 ­ Sou cidadão – quero meus direitos! 
Encontro 1 – Quem é um cidadão
– realizar a apresentação dos participantes e do oficineiro;
– realizar uma dinâmica de expectativas e medos;
– discutir o conceito de cidadania.
Dinâmica: Apresentação dos participantes e do oficineiro
Materiais: papel sulfite e canetas hidrográficas.
­ montar um círculo;
­ pedir para todos os participantes desenharem um auto­retrato, que representa a 
cidadania do participante. Encorajá­los a serem criativos;
­ incentivar cada participante a falar seu nome e apresentar seu auto­retrato;
­ colocar os auto­retratos na parede.
  
Dinâmica: Expectativas e Medos
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CASA BRASIL – Oficina Gênero e Cidadania
A dinâmica de expectativas e medos encoraja os participantes a pensar sobre o 
que eles esperam aprender no curso.
­ peça para os participantes refletirem sobre o motivo que os levaram a fazer a 
oficina, os assuntos que consideram interessantes e que gostariam de explorar de 
forma mais aprofundada;
­ dar três cartões para cada aluno, sendo dois de uma mesma cor e o terceiro de 
uma cor diferente;
­ peça para os participantes escreverem duas expectativas, uma em cada cartão 
de mesma cor, e um medo no cartão de cor diferente;
­em grupo, peça que eles unam as respostas semelhantes e dêem um título que 
represente tais agrupamentos; 
­   abra   uma   conversa   sobre   as  observações   e   peça   aos   participantes   que   dêe 
sugestões   sobre   como   eles   poderiam   superar   os   medos   e   como   o   oficineiro 
poderia auxiliá­los nesse processo;
­ algumas pistas:
• Esclarecer os objetivos do curso, especialmente se forem diferentes das ex­
pectativas apresentadas.
• Guardar essa atividade para ser utilizada posteriormente. 
Dinâmica: Cidadania 
­ em grupos de quatro pessoas, os participantes discutem as características de 
sociedade e cidadania – quais são as características da sociedade, e o que é ser 
cidadão no nosso Brasil;
­ os grupos representam as idéias num papel de flip chart e apresentam para a 
turma inteira;
­ para ampliar o conceito de cidadania por um outro ponto de vista, assistir ao 
filme “Ilha das Flores”.
Filme Ilhas das Flores
Parte 1 ­
4                                        
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Parte 2 ­
Fonte: YouTube.com
­   depois   de   assistir   ao   filme,   reúna   os   participantes   em   circulo   e   peça   para 
avaliarem: quais são os diferentes níveis de cidadania que o filme apresentou? 
quem e o que tem mais valor nesse cenário? quem e o que tem mais direitos?;
­   reúna   os   participantes   em   circulo   para   compartilhar   seus   aprendizados, 
descobertas e sentimentos;
 
Texto de Apoio
Cidadania, palavra derivada de cidade, é mais bem compreendida se pensarmos a 
cidade como o Estado. Entendida desse modo, é possível dizer que todo cidadão 
que   integra   a   sociedade   do   Estado   democrático   é   senhor   do   exercício   da 
cidadania, que expressa um extenso conjunto de direitos e de deveres.
A democracia é um sistema político que se baseia no livre exercício da cidadania. 
Para   ser   um   cidadão   participante,   é   preciso   estar   bem   informado   sobre   os 
acontecimentos e as coisas públicas. No auxílio dessa tarefa, o Portal Interlegis 
traz informações e links de órgãos públicos e instituições da sociedade civil que 
trabalham pelos direitos do cidadão (http://www.interlegis.gov.br/cidadania).
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Figura 1 – Mulher exercendo seus direitos
Cidadania, em Direito, é a condição natural da pessoa que, como membro de um 
Estado,   encontra­se   no   gozo   dos   direitos   que   lhe   permite   participar   da   vida 
política.
A cidadania é o conjunto dos direitos políticos de que goza um indivíduo e que lhe 
permitem   intervir   na   direção   dos   negócios  públicos  do   Estado,   participando  de 
modo direto ou indireto na formação do governo e na sua administração, seja ao 
votar (direto), seja ao concorrer a cargo público (indireto).
A   nacionalidade   é   pressuposto   da   cidadania   ­   ser   nacional   de   um   Estado   é 
condição   primordial   para   o   exercício   dos   direitos   políticos.   Entretanto,   se   todo 
cidadão é nacional de um Estado, nem todo nacional é cidadão ­ os indivíduos que 
não estejam investidos de direitos políticos podem ser nacionais de um Estado 
sem serem cidadãos.
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No Brasil
Os direitos políticos são regulados no Brasil pela Constituição Federal em seu art. 
14,   que   estabelece   como   princípio   da   participação   na   vida   política   nacional   o 
sufrágio universal. Nos termos da norma constitucional, o alistamento eleitoral e o 
voto   são   obrigatórios   para   os   maiores   de   dezoito   anos,   e   facultativos   para   os 
analfabetos, os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos e os maiores de 
setenta anos.
A  Constituição   proíbe   o   alistamento   eleitoral   dos  estrangeiros  e  dos  brasileiros 
conscritos no serviço militar obrigatório, considera a nacionalidade brasileira como 
condição   de   elegibilidade   e   remete   à   legislação   infra­constitucional   a 
regulamentação de outros casos de inelegibilidade (lei complementar n. 64, de 18 
de maio de 1990).
Cidadania é a participação política, econômica e social do cidadão.
Referências
− GUIMARÃES, Francisco Xavier da Silva,  Nacionalidade: Aquisição, Perda  
e Reaquisição, 1a edição, Forense, 1995. 
− Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, 1a edição, Objetiva, 1991. 
Fonte: http://www.interlegis.gov.br/cidadania
Encontro 2 – Meus direitos como cidadã brasileira
­ Analisar o preâmbulo da Constituição da República Federativa do Brasil
­ Atuar como cidadão
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Dinâmica: Desigualdades
­ para motivar uma conversa sobre a realidade Brasileira, mostre a figura 2 para os 
participantes. Se achar necessário, faça perguntas para provocar um debate sobre 
desigualdades, exploração, violência e outras temas relacionados a cidadania.
­ em grupos de três pessoas, peça para as pessoas representarem a realidade do 
Brasil hoje em dia numa ilustração e numa peça de teatro;
­ promova a apresentação dos resultados dos grupos.
Figura 2 – Desigualdade para quem?
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Dinâmica: Constituição
­ reúna os participantes num circulo e provoque uma discussão sobre os anos 80. 
O  que   estava  acontecendo  no  Brasil?  Como  era  o  clima  econômico,  político  e 
social?
­ mostre o Preâmbulo da Constituição da Republica Federativa do Brasil e peça 
para os participantes analisar bem as palavras e frases utilizadas;
­ em grupos de três, peça às pessoas que analisem as palavras em negrito;
­ para finalizar, reúna o grupo para compartilhar as observações.
O Oficineiro deve salientar os seguintes pontos:

Democrático – O estado do Brasil é democrático – para todos, também  
é de direito – somos amarrados na lei, por isso mudanças acontecem  
mais   devagar.   Ao   mesmo   tempo,   isso   assegura   um   sistema  
democrático.

Dos   direitos   sociais  e  individuais   –   direitos   também   incluem 
necessidades.   Todos   nós   temos   necessidades   diferentes,   e 
infelizmente, no Brasil, ainda não conseguimos alcançar igualdade em 
direitos sociais ou individuais. 

Sociedade fraterna – esse termo é tipicamente católico, pois vivemos 
muito   próximos   dos   valores   da   igreja   católica.   Mas,   na   prática, 
vivemos   numa   sociedade   fraterna?   Há   tantas   populações   e 
comunidades diferentes no Brasil, com culturas e religiões diversas. 
Além disso, há desigualdades e diferenças no poder – como podemos 
conviver como uma sociedade fraterna? Podemos?  

Uma   sociedade   fraterna   é   fundada   na   harmonia   social   e 
comprometida,   na   ordem   interna   e   internacional,   com   a   solução 
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pacífica das controvérsias – que não nos engaja em guerras. Mas há 
outros tipos de guerras silenciosas na realidade do brasileiro.

Soberania – os estados têm as próprias leis, então há valores locais e 
valores nacionais e valores universais – como podemos trabalhar essa 
contradição?

A   dignidade   humana   ultrapassa   regiões,   culturas,   contextos 
socioeconômicos. Num lugar com tantas diferenças culturais, como 
podemos resolver isso?

Pluralismo   político   –   temos   idéias   diferentes,   temos   que   ouvir   os 
outros e ser ouvidos.

Construir, garantir, erradicar, promover – no artigo 3 os verbos estão 
na forma de ação – por quê? Essa constituição está falando do futuro, 
um   lugar   onde   queremos   chegar.   É   uma   constituição   que   fala   em 
reconstruir o país, o que só  pode acontecer na prática por meio de 
políticas   públicas   –   então   temos   que   participar,   atuar   e   viver   essa 
mudança!!!!!!
Dinâmica: Ação cidadão
Parte 1
­  em grupo, inicie uma conversa sobre direitos. A constituição fala em direitos, 
mas, como vimos, é numa perspectiva de realização futura.  É importante trazer o 
cenário   de   direitos   para   o   real   –   quais   são   nossos   direitos   como   brasileiros   e 
brasileiras atualmente? Onde nós podemos procurar nossos direitos?
­ os participantes devem acessar o site: `Guia de Direitos ́ para saber mais sobre 
como procurar os direitos ­  http://www.guiadedireitos.org/portal.
Parte 2
1                                        
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­ peça para cada pessoa escolher uma ação cidadão do futuro e pensar sobre o 
que isso quer dizer – os participantes têm que começar a participar ativamente na 
sociedade. Assim, cada pessoa deve definir um alvo/ação que poderia fazer para 
contribuir para um Brasil melhor;
­ peça a cada um que desenhe uma linha de tempo e coloque o objetivo no fim da 
linha, com uma data;
­ em duplas, estimule as pessoas a se ajudarem umas às outras para planejar 
como atingir esse objetivo;
­ peça aos participantes que coloquem na linha os passos a serem seguidos;
­ reúna os participantes numa roda e peça a cada um que diga o que fará no dia 
seguinte para chegar ao objetivo final.
Presidência da República
Casa Civil
Sub chefia para Assuntos Jurídicos
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
PREÂMBULO
Nós,   representantes   do   povo   brasileiro,   reunidos   em   Assembléia   Nacional 
Constituinte   para   instituir   um   Estado  Democrático,  destinado   a   assegurar   o 
exercício  dos direitos sociais  e  individuais, a liberdade, a segurança, o bem­
estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma  
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social  
e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica  
das   controvérsias,  promulgamos,   sob   a   proteção   de   Deus,   a   seguinte 
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
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TÍTULO
 
I
Dos Princípios Fundamentais 
Art.   1o   A   República   Federativa   do   Brasil,   formada   pela   união   indissolúvel   dos 
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui­se em Estado Democrático de 
Direito e tem como fundamentos:
I ­ a soberania;
II ­ a cidadania;
III ­ a dignidade da pessoa humana;
IV ­ os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V ­ o pluralismo político.
Parágrafo   único.   Todo   o   poder   emana   do   povo,   que   o   exerce   por   meio   de 
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Art. 2o São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, 
o Executivo e o Judiciário.
Art. 3o Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I ­ construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II ­ garantir o desenvolvimento nacional;
III ­ erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e 
regionais;
IV ­ promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade 
e quaisquer outras formas de discriminação. 
Fonte: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm
Unidade 2 – Resgate da auto­estima
Encontro 3 – Desmaterializando padrões
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­repensar nos conceitos de beleza
­realizar atividades de auto­estima
Dinâmica: o que é beleza
­   em   grupos   de   três,   peça   aos   participantes   que   apresentam   o   que   eles 
consideram ser beleza;
­  peça  aos participantes para  realizar  uma pesquisa  na Internet e  montar uma 
apresentação sobre beleza;
­ peça aos grupos que apresentem para os outros os resultados da pesquisa;
­ mostre   o   vídeo   do   ‘The   Dove   Self­Esteem   Fund’   ­http
://www.campaignforrealbeauty.com. Mostre­o duas vezes, pois ele é curtinho. 
­ abra uma conversa sobre padrões de beleza, distorção de beleza e o impacto 
disso na mulher;
­   para   finalizar,   faça   a   dinâmica   “O   grande   presente”
Dinâmica: o grande presente
Descrição: todos do grupo receberão um grande presente
Objetivos da técnica: fortalecer a auto­estima
Tempo: 10 minutos
Instruções para o oficineiro: coloque um espelho no fundo de uma caixa pequena 
previamente preparada. Instruções para os participantes: passe a caixa a cada 
participante, peça que abra devagar e olhe o conteúdo, mas não comente nada 
com ninguém. Um a um, os participantes verão o presente mais importante que a 
vida lhes tem dado; devem cuidar muito bem desse presente, querer bem, porque 
vale   muitíssimo   (isso   se   repete   a   cada   um   que   olha   para   dentro   da   caixa).
Processamento   da   experiência:   os   participantes,   ao   constatar   que   são   eles 
mesmos o presente mais importante que a vida lhes tem dado, refletirão sobre o 
valor que têm, o que reforçará a auto­estima.
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Mais uma coisa!!!
Ler as `Dicas de beleza de Audrey Hepburn ́
Dicas de beleza de Audrey Hepburn 
O texto a seguir foi escrito por ela, quando pediram que revelasse seus segredos 
de beleza:
1. Para ter lábios atraentes, diga palavras doces.
2. Para ter olhos belos, procure ver o lado bom das pessoas.
3. Para ter um corpo esguio, divida sua comida com os famintos.
4. Para ter cabelos bonitos, deixe uma criança passar seus dedos por eles pelo 
menos uma vez por dia.
5. Para ter boa postura, caminhe com a certeza de que nunca andará sozinho.
6. Pessoas, muito mais que coisas, devem ser restauradas, revividas, resgatadas 
e redimidas; jamais jogue alguém fora.
7. Lembre­se que, se alguma vez precisar de uma mão amiga, você a encontrará 
no final do seu braço. Ao ficarmos mais velhos, descobrimos porque temos duas 
mãos, uma para ajudar a nós mesmos, a outra para ajudar o próximo.
8. A beleza de uma mulher não está nas roupas que ela veste, nem no corpo que 
ela carrega, ou na forma como penteia o cabelo. A beleza de uma mulher deve ser 
vista nos seus olhos, porque esta é a porta para seu coração, o lugar onde o amor 
reside.
9. A beleza de uma mulher não está na expressão facial, mas a verdadeira beleza 
de uma mulher está refletida em sua alma. Está no carinho que ela amorosamente 
dá, na paixão que ela demonstra.
10. A beleza de uma mulher cresce com o passar dos anos.
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Texto de Apoio ­ TRAMAS
No começo, para se proteger do frio, usava­se a pele dos animais. Com o tempo, 
tramou­se o fio e teceu­se a trama, e tingiram de cores e chulearam­se as formas 
para que protegessem do frio e dessem conforto. E dos corpos desnudos e belos 
teceu­se   a   moral,  que   manchou   de   pudor   e   se   coseram   comportamentos   com 
estampas puritanas, e já não ditavam somente a roupa, sapatos, acessórios, mas 
também o que dizer, o que comer, o que ouvir e o pior o que ou em que pensar. 
(Isto é comumente chamado de moda).
Fica aqui um alerta, já não nos preocupamos em nos proteger do frio, desde que 
estejamos   vestidas   de   acordo   para   a   ocasião,   conforme   disse   o   colunista...   “o 
conforto é bobagem, desde que não se pague o mico de ser notada por estar 
apenas diferente do que é ditado pelo sistema.”
Nestes anos, principalmente para nós mulheres, desde que abandonamos a pele 
dos animais, a todo o tempo aceitamos a violência da mediocridade. Houve uma 
época em que, para se estar na mídia ou média, tínhamos que ser rechonchudas. 
Houve a época em que tínhamos que ser magrelas. Hoje a média ou mídia exige 
peitão... o que será daqui a pouco?
Fiquemos fora desse comportamento “normal” que está na média ou mídia, ou 
seja, “medíocre”.
Mulher, você é um ser pensante, busque o que lhe traz conforto e satisfação e não 
permita que ditem aquilo que é seu: o direito de escolha. Não seja normal, seja 
apenas natural.
(Antônia Aparecida Sousa da Silva / 8 de março de 2005).
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Unidade 3 – Participe, mulher – seu papel é importante!
Encontro 4 –  Gênero
­ definir a diferença entre sexo e gênero
­ entender os papéis definidos pelo gênero
­ aprender sobre o processo de planejamento comunitário  
Dinâmica: Gênero? O que é isso?
­ pergunte se as palavras sexo e gênero têm o mesmo significado;
­ peça que leiam o texto sobre: `Identidade de Gênero ́ 
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Identidade_de_g%C3%AAnero
­ em grupos de três, peça aos participantes que definam os termos ­ sexo, gênero, 
e identidade – reúna e compartilhe as respostas em grupo;
­ discuta como a construção social de gênero – homens e mulheres – influencia a 
criação de identidade;
­ peça aos participantes que, em grupos de três, respondam à seguinte questão:
Até   que   ponto   os   papéis   de   gênero   influenciam   a   sua   conduta   em   família,   no 
trabalho e na sociedade como um todo? 
Sexo – identifica as diferenças biológicas entre homens e mulheres
Gênero   –   identifica   as   relações   sociais   entre   homens   e   mulheres   e   como 
essas   relações   são   socialmente   construídas.   As   relações   de   gênero   são 
contextualmente   específicas   e   muitas   vezes   se   alteram   conforme   as 
condições econômicas.
Dinâmica: Participação da Mulher 
­   discuta   os   papéis   definidos   pelo   gênero   dentro   da   sociedade.   Qual   é   a 
importância desses papéis dentro da sociedade/comunidade? Quem é mais ativo 
nesse   papel   –   o   homem   ou   a   mulher?   Quem   tem   mais   papéis   ­   homens   ou 
mulheres? Quais papéis têm mais poder dentro da sociedade? E qual é o impacto 
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disso? Você concorda com esses papéis? O que podia ser diferente? Homens e 
mulheres têm as mesmas necessidades?
1. Papel reprodutivo
2. Papel produtivo 
3. Papel de gerenciamento comunitário
4. Papel de político
Os Papéis Definidos pelo Gênero 
Na maioria das sociedades, as mulheres de baixa renda têm um papel triplo: 
as   mulheres   têm   a   seu   cargo   atividades   reprodutivas,   produtivas   e   de 
gerenciamento   comunitário,   enquanto   os   homens   desempenham 
primariamente atividades produtivas e relativas às políticas da comunidade.
1.   Papel   reprodutivo:   corresponde   às   responsabilidades   de   ter   e   criar   as 
crianças   e   dos   trabalhos   domésticos   desempenhados   pelas   mulheres, 
requisitos para garantia de manutenção e reprodução da força de trabalho.
2. Papel produtivo: corresponde ao trabalho realizado, tanto por mulheres 
como por homens, e que é pago em dinheiro. 
3.   Papel   de   gerenciamento   comunitário:   corresponde   às   atividades   na 
comunidade   de   trabalho   voluntário,   sem   remuneração,   primariamente 
assumidas pelas mulheres como uma extensão de seu papel reprodutivo, de 
forma   a   assegurar   a   provisão   e   manutenção   de   recursos   escassos   de 
consumo   coletivo,   tais   como   água   potável,   cuidados   com   a   saúde   e 
educação.
4. Papel político na comunidade: corresponde às atividades na comunidade, 
usualmente trabalho remunerado, primariamente assumidas pelos homens, 
de   organização   política,   na   maioria   das   vezes   dentro   do   arcabouço   das 
políticas nacionais.
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CASA BRASIL – Oficina Gênero e Cidadania
Dinâmica: Papéis 
A   questão   é   `Por   que   as   mulheres   devem   participar   no   planejamento 
comunitário/político? ́
­   peça   aos   participantes   que,   em   grupos,   façam   uma   lista   das   razões   para 
mulheres participarem do planejamento comunitário;
­ peça que criem uma peça para demonstrar uma razão escolhida da lista.
­ peça que apresentem as peças para os outros;
­ para finalizar, reúna os participantes em círculo e peça que falem sobre uma 
descoberta ou sobre algo importante que aprenderam.
Texto de Apoio ­ 
Por que as mulheres devem participar de planejamento comunitário?
Porque as mulheres têm uma perspectiva diferente.
As   mulheres   trazem   uma   perspectiva   única   ao   planejamento   comunitário   e   de 
vizinhança. Além de suas experiências na força de trabalho formal, as mulheres 
trabalham  em seus  lares  e comunidades como voluntárias  e ajudando  a quem 
precisa. Todos esses papéis ajudam a formular a perspectiva especial que elas 
trazem ao planejamento comunitário. Quando as mulheres são perguntadas sobre 
o   quê   é   importante   para   elas   nas   comunidades,   o   que   transparece   mais 
freqüentemente nas respostas é uma visão completa das comunidades, que leva 
em consideração os aspectos ambientais, sociais e econômicos das comunidades. 
A experiência  das mulheres  em  suas  comunidades molda  suas percepções de 
forma   diferente   das   percepções   dos   homens.   Portanto,   as   mudanças   para   a 
comunidade   que   são   interessantes   para   os   homens   não   necessariamente   são 
adequadas   para   as   mulheres,   e   eventualmente   mudanças   que   as   mulheres 
propõem não necessariamente ocorrem aos homens.
Porque as mulheres sabem mais sobre a comunidade
1                                        
CASA BRASIL – Oficina Gênero e Cidadania
As comunidades e vizinhanças podem ser uma fonte de apoio e ajuda mútua, nas 
quais as relações são formadas e alimentadas, e onde o espírito comunitário se 
torna   possível.   Elas   podem   ser   também   lugares   tristes   e   de   isolamento.   O 
planejamento   pode   ser   um   instrumento   importante   para   transformar   as 
vizinhanças em verdadeiras comunidades. Despendendo a maior parte do tempo 
nas  comunidades com crianças e  famílias (embora isso já esteja mudando) as 
mulheres   sabem   como   criar   uma   comunidade.   Elas   sabem   quais   são   as 
mudanças necessárias para tornar a comunidade mais segura e mais conveniente 
para elas e suas famílias. Elas sabem o quão são importantes as condições de 
moradia,   escolas,   comércio,   transporte   público,   ruas,   programas   recreativos, 
serviços e centros comunitários, porque elas são as usuárias mais freqüentes de 
todos   esses   serviços   públicos.   O   que   é   importante   para   as   mulheres   modela 
basicamente a qualidade de vida da comunidade. Portanto, envolver as mulheres 
no planejamento comunitário beneficia todo o mundo.
Porque as mulheres não estão ainda suficientemente envolvidas
A   despeito   de   sua   experiência   em   criar   comunidades,   as   mulheres   não   são 
sempre   consultadas   quando   há   mudanças   a   serem   implementadas   nas 
comunidades. De fato, muitos aspectos dos processos do planejamento municipal, 
além   de   não   considerar   as   perspectivas   das   mulheres,   criam   inadvertidamente 
barreiras à sua participação. Essas barreiras incluem: 
a. não poder estar presentes nas reuniões na prefeitura quando elas não dispõem 
de transporte privado; 
b. horário das reuniões na  prefeitura  durante o dia, quando as mulheres estão 
trabalhando, buscando as crianças na escola, etc.;
c. falta de disponibilidade de supervisão para as crianças durante as reuniões e 
eventos.
Esta oficina trata de como superar esses obstáculos. Trata de como as mulheres, 
os   planejadores   municipais   e   outros   funcionários   da   prefeitura,   tais   como 
1                                        
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engenheiros e pessoal da Saúde, podem trabalhar juntos para fazer com que as 
comunidades se tornem lugares bem melhores para todo o mundo.
Porque as mulheres tem seu próprio jeito de trabalhar juntas
As   mulheres   freqüentemente   têm   um   jeito   de   trabalhar   juntas   diferente   dos 
homens – um jeito diferente de discutir, interagir, apoiar uma à outra e alcançar 
consenso.   Esta   oficina   ajuda   a   criar   espaço   para   que   as   mulheres   possam 
trabalhar juntas na definição de suas prioridades e preocupações, e fazer com que 
sejam   claramente   ouvidas.   Sugere   também   algumas   maneiras   para   que   os 
processos de planejamento municipal possam mudar de forma a refletir um novo 
jeito de trabalhar juntos. Através do aprendizado de como se envolver, as mulheres 
ganham  também  a  auto­confiança   necessária  para  estimular  as  mudanças  nas 
suas comunidades.
 
Mulheres constituem um grupo entre outros
A distinção entre mulheres/homens/crianças é mais uma maneira de categorizar 
os membros do público. Outras formas podem ser pelas suas histórias (culturas) 
ou   pelos   seus   interesses.   Esta   oficina   está   focalizada   nas   perspectivas   das 
mulheres,   mas   se   reconhece   que   outros   grupos   também   têm   perspectivas   e 
papéis importantes nos processos de planejamento. A coisa mais importante a ser 
lembrada é que todos os grupos têm diferentes perspectivas e prioridades, e que 
dentro desses grupos ainda existem grandes diferenças – não somos todos um 
grande,   único   público.   As   mulheres   têm   um   papel   vital   na   formação   das 
comunidades. Elas têm diferentes perspectivas e maneiras de comunicar que são 
valiosas   nos   processos   de   planejamento   e   envolvimento   público.   Esta   oficina 
serve   para   ajudar   as   mulheres   a   serem   ouvidas   no   planejamento   comunitário. 
Ajuda também as mulheres na obtenção do apoio necessário para fazer com que 
haja mudanças significativas.
  Fonte:  Como  nós nos Planejamos,  um  manual  para  mulheres  e planejadores,  
http://www.chs.ubc.ca/brazil/Portuguese/Outputs/Como_Nos_Nos_Planejamos.pdf
2                                        
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Texto de Apoio ­ Identidade de gênero
Na sociologia,  identidade de gênero  se refere ao gênero em que a pessoa se 
identifica (i.e, se a mesma se identifica como sendo um homem, uma mulher ou se 
a mesma vê a si como fora do convencional), mas pode também ser usado para 
referir­se ao gênero que certa pessoa atribui ao indivíduo tendo como base o que 
tal pessoa reconhece como indicações de papel social de gênero (roupas, corte de 
cabelo, entre outros fatores).
Do primeiro uso, acredita­se que a identidade de gênero se constitui como fixa e, 
como   tal,   não   sofre   variações,   independente   do   papel   social   de   gênero   que   a 
pessoa se apresente.
Do segundo, acredita­se que a identidade de gênero possa ser afetada por uma 
variedade de estruturas sociais, incluindo etnicidade, trabalho, religião ou irreligião, 
e família.
Identidade de gênero ­ além do superficial
Na vasta maioria dos casos, não há qualquer dificuldade em determinar sexo e 
gênero. A grande maioria dos seres humanos é considerada homem ou mulher. 
Antes   do   século   XX,   o   sexo   de   uma   pessoa   era   determinado   apenas   pela 
aparência   da   genitália,   mas   quando   se   passou   a   entender   de   cromossomos   e 
genes,   eles   passaram   a   ser   usados   para   determinar   o   sexo.   Normalmente, 
homens possuem genitália masculina e, um cromossomo X e um Y; e mulheres 
possuem genitália feminina e possuem dois cromossomos X. Entretanto, algumas 
pessoas se consideram fora dessas categorias, e alguns possuem combinações 
de cromossomos, hormônios, e genitália que não seguem as definições típicas de 
"homem" e "mulher". Estudos recentes sugerem que um em cada cem indivíduos 
podem ter um sexo atípico.
2                                        
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O caso em que se torna mais fácil de entender a necessidade de distinguir sexo e 
gênero   é  quando   a   genitália   externa   é   removida   ­   quando   tal   caso   ocorre   por 
acidente   ou   por   intento   deliberado,   a   libido   e   a   habilidade   de   expressar   uma 
atividade   sexual   sofrem   alterações,   mas  nem   por   isso  o  indivíduo   deixa   de  se 
considerar  garoto ou homem. Um caso como este é reportado em Sexo Trocado 
("As The Nature Made Him"), de John Colapinto. Esse livro detalha a persistência 
da   identidade   de   gênero   masculina   e   a   adesão   a   um   papel   social   de   gênero 
masculino   de   uma   pessoa   cujo   pênis   foi   totalmente   destruído   logo   após   o 
nascimento devido a uma circuncisão mal feita, e que foi então subseqüentemente 
redesenhado   pela   construção   de   uma   genitália   feminina.   Assim,   o   termo 
"identidade de gênero" não tem necessariamente relação com o sexo do indivíduo 
através da análise da genitália externa, dos genes ou dos cromossomos.
Divergências entre identidade de gênero e sexo
Algumas pessoas sentem que sua identidade de gênero não corresponde ao seu 
sexo   biológico,   são   as/os   chamadas/os   transgêneros,   incluindo   pessoas 
transexuais e muitas pessoas intersexo também. Conseqüentemente, as coisas se 
complicam quando a sociedade insiste que os indivíduos devem seguir a maneira 
de expressão social (papel social de gênero) baseada no sexo, que o indivíduo 
transgênero sente ser inconsistente com sua identidade de gênero.
No caso das pessoas intersexo, alguns indivíduos podem possuir cromossomos 
que   não   correspondem   com   a   genitália   externa.   Isso   devido   a   desequilíbrios 
hormonais ou outros fatores incomuns durante os períodos críticos da gestação. 
Tais pessoas podem parecer para as outras como sendo de um determinado sexo, 
mas podem reconhecer a si mesmas como pertencendo a outro sexo.
As causas da transgeneridade ainda não são claras. Isso tem sido causa de muita 
especulação, mas nenhuma teoria psicológica foi considerada consistente. Teorias 
que   assumem   uma   diferenciação   no   cérebro   são   ainda   recentes   e   difíceis   de 
2                                        
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provar,   porque   no   momento   requerem   uma   análise   destrutiva   da   estruturas 
cerebrais inatas, que são bastante pequenas.
Nas   últimas   décadas   se   tornou   possível   redefinir   o   sexo   cirurgicamente.   Uma 
pessoa que experimente disforia de gênero pode, então, buscar essas formas de 
intervenção   médica   para   que   seu   sexo   psicológico   seja   correspondente   à 
identidade   de   gênero.   Alternativamente,   algumas   pessoas   que   experimentam 
disforia   de   gênero   mantêm   a   genitália   com   a   qual   nasceram,  mas  adotam   um 
papel social de gênero que é congruente com a percepção que possuem de sua 
identidade de gênero.
Relação entre identidade de gênero e papel social de gênero
O termo relacionado, "papel social de gênero" possui dois significados que em 
casos individuais podem ser divergentes: primeiro, o papel social de gênero de 
uma pessoa pode ser a totalidade de formas na qual uma pessoa pode expressar 
sua identidade de gênero. Segundo, o papel social de gênero das pessoas pode 
ser definido pelo tipo de atividades que a sociedade determina como apropriada 
para indivíduos que possuam determinado tipo de genitália externa.
Há   provavelmente   tantas   formas   e   complexidades   de   identidades   sexuais   e 
identidades de gênero como há seres humanos, e há um igual número de formas 
de trabalhar as identidades de gênero na vida diária. As sociedades, entretanto, 
tendem   a   designar   alguns   tipos   de   papéis   sociais   aos   indivíduos   "machos",   e 
algumas classes de papéis sociais para indivíduos "fêmeas" (macho e fêmea na 
percepção social dos sexos). Muitas vezes a conexão entre identidade de gênero 
e papel social de gênero não é clara. Simplificando, há não­ambíguos "machos" 
humanos e  não­ambíguas "fêmeas"  humanas que  se sentem  claramente  como 
homens   ou   mulheres,   mas   que   não   se   comportam   socialmente   de   forma 
convencionalmente   masculina   ou   feminina.   E,   para   concluir,   como   muito   têm 
defendido estudiosos em biologia e sociologia: "O sexo entre as orelhas é mais 
importante que o sexo entre as pernas"
2                                        
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Diferentes visões sobre identidade
Existem   diversos   fatores   que   envolvem   a   formação   de   identidades,   como   a 
diferença   entre   os   diversos   tipos   de   identidade.   A   primeira   das   identidades, 
considerada primordial, é a identidade de gênero homem ou mulher, pois queira 
ou não as pessoas já rotulam as outras diante disso. Portanto, diferentes tipos de 
identidade são produto da construção da sociedade e da história onde mantém se 
a relação de poder de acordo com o modelo essencialista. De acordo com esse 
modelo, a identidade vem da biologia, ou seja, o que você é é resultado da sua 
genética e a ciência segue esse modelo.
Há   também   o   modelo   de   construtivismo   em   que   a   identidade   é   construída, 
transformada, pois não existem identidades que não passaram por mudanças ao 
longo   dos   anos   e,   quando   isso   ocorre,   ela   muda   de   acordo   como   é   vista   e 
interpretada   pelos   outros.   Pois   as   transformações   sociais   são   tão   alarmantes 
quanto   as   tecnológicas,   políticas   e   econômicas,   então   as   identidades   que   se 
encontram em conflito então no interior dessas transformações.
Hoje   em   dia,   os   conflitos   são   mais   identitários   (religião,   cultura),   em   vez   de 
ideológicos (comunismo, capitalismo), como já foi um dia.
Portanto, atualmente existem inúmeras formas de identidade e essas, apesar de 
serem   muitas   vezes   contraditórias,   acabam   se   cruzando   e   podem   até   se 
completar.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Identidade_de_g%C3%AAnero
2                                        
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Unidade 3 ­ Blog, mas o que isso tem a ver com gênero?
Encontro 5 e 6 ­ Criando e publicando num Blog
Nesses   dois   encontros,   aprenderemos   a   criar   um   blog   comunitário   para 
publicarmos   nossas   idéias,   fotos,   links   e   informações   a   respeito   de   gênero   e 
cidadania e outros temas em que os participantes tenham interesse.
Inicialmente, reúna os participantes em roda e explique o que é um blog e para 
que ele serve. Procure ressaltar os seguintes pontos:
a importância dos blogs como meio de comunicação;
o potencial de expressão que o blog permite.
Estimule os participantes a realizarem uma navegação pelos seguintes blogs:




  http://www.gutierrez.pro.br/  
 
http://meta.comunix.org/
 
 
http://www.alfarrabio.org/
 
 
http://metareciclagem.org/fff/
 
'
Após aproximadamente uma hora, reúna os participantes e peça a cada um 
que conte sua impressão a respeito da visitação nos blogs
Chegou a hora de cada um construir o seu blog!!
Peça a cada participante da oficina que sente em um computador do Telecentro e 
que siga o seguinte tutorial para criação de blogs:
http://blog.uol.com.br/stc/passeio_virtual.html
2                                        
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Após a criação dos blogs, estimule os participantes a contarem suas histórias, a 
falarem de sua experiência nessa oficina e comentar algumas questões de gênero 
e cidadania. Mais tarde voltaremos aos blogs para outras atividades.
Textos de Apoio
Blogs e sua história
Um  weblog  ou  blog  é um  página da  Web  cujas atualizações (chamadas  posts) 
são   organizadas   cronologicamente   (como   um   histórico   ou   diário).  Estes  posts 
podem   ou   não   pertencer   ao   mesmo   gênero   de   escrita,   se   referir   ao   mesmo 
assunto   ou   à   mesma   pessoa.   A   maioria   dos   blogs   são   miscelâneas   onde   os 
blogueiros escrevem com total liberdade.
Figura 3 – Blogs – Fonte: http://nordstrandskytterlag.no/static/webbilder/blog.jpg
2                                        
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O weblog conta com algumas ferramentas para classificar informações técnicas a 
seu   respeito   ­   todas   elas   são   disponibilizadas   na   internet   por   servidores   e/ou 
usuários comuns. As ferramentas abrangem: registro de informações relativas a 
um site ou domínio da Internet quanto ao número de acessos, páginas visitadas, 
tempo gasto, de qual site ou  página  o  visitante veio, para  onde vai  do  site  ou 
página atual e uma série de outras informações.
Possíveis traduções de weblog:







blog (linguagem mundial) 
blogue (Português) 
diário (virtual) 
journal (diário em inglês) 
placard 
quadro 
bitácora (de cuaderno de bitácora, diário de bordo, em castelhano) 
Os serviços mais conhecidos em todo o mundo são o Blogger, Blog.com e o 
WordPress. No  Brasil  são  Blig,  Blogger Brasil,  Weblogger,  UOL Blog  e  Blog­se. 
Em Portugal são o Blog.pt, Blogs no Sapo, Weblog.com.pt e o BlogTok.
A  Deutsche Welle  premia a cada ano os melhores weblogs internacionais 
em onze categorias no evento The Bobs ­ Best of Blogs.
Os sistemas de criação e edição de blogs são muito atrativos pelas facilidades que 
oferecem, pois dispensam o conhecimento de HTML, o que atrai pessoas a criá­
los, em vez de sites pessoais mais elaborados.
Os   blogs   educativos  são   um   grande   atrativo   na   educação   como   ferramenta 
educacional utilizada para o registro de idéias de professores e alunos.
Alguns   sites   têm   inovado   e   usado   o   blog   como   um   tipo   de   mídia,   no   qual 
jornalistas   colocam   notícias   e   comentários   da   sua   área   (política,   esportes, 
televisão, dentre outras). 
2                                        
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John Barger, autor de um dos primeiros FAQ ­ Frequently Asked Questions, foi o 
editor do blog original e concebeu o termo ­“weblog” ­ em 1997, definindo­o como 
uma página da Web onde um diarista (da Web) relata todas as outras páginas 
interessantes que encontra. O blog de Barger tem uma aparência diferente dos 
atuais e ainda hoje mantém a mesma interface de quando foi criado. O termo foi 
alterado   por  Peter   Merholz,   que   decidiu   pronunciar   “wee­blog”,   que   tornou 
inevitável o encurtamento para o termo definitivo “blog”.  Rebecca Blood, pioneira 
no uso de blogs, relatou suas experiências, explicando que, em 1999, os blogs 
eram distintos, tanto em forma como conteúdo, das publicações periódicas que os 
precederam (ezines e journals). Eles eram rudimentares em design e conteúdo, 
mas   aqueles   que   os   produziam   achavam   que   estavam   realizando   algo 
interessante   e   decidiram   ir   adiante.   Os   blogueiros   referenciavam   entradas 
interessantes em outros blogs, normalmente adicionando suas opiniões. Créditos 
eram concedidos a um blogueiro individual quando outros reproduziam os links 
que   este   havia   encontrado.   Devido   à   freqüente   interligação   entre   os   blogs 
existentes na época, os críticos chamaram os blogueiros de incestuosos, que por 
sua vez sabiam que amplificavam as vozes uns dos outros quando criavam links 
entre si. E assim a comunidade cresceu. Os blogueiros pioneiros trabalharam para 
se   tornar   fontes   de   links   para   material   de   qualidade,   aprendendo   a   escrever 
concisamente, utilizando os elementos que induziam os leitores a visitar outros 
sites.
O panorama mudou quando, naquele mesmo ano de 1999, diversas empresas 
lançaram softwares desenvolvidos para automatizar a publicação em blogs. Um 
destes   softwares,   chamado  Blogger,   apresentava   enorme   facilidade   para 
publicação de conteúdo, e com a sua interface privilegiando a escrita espontânea, 
foi   adotado   por   centenas   de   pessoas.   O   conhecimento   tecnológico   para 
manutenção de uma ferramenta para publicação na Web passou a não ser mais 
um   requisito.   A   estrutura   técnica   era   gerenciada   pela   empresa,   que   também 
oferecia a criação de blogs a custo zero, assim como os valores agregados: um 
2                                        
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item em um blog possui valor de produção irrisório comparado com o de um artigo 
veiculado na grande mídia. Essa adoção em massa, e a não­utilização dos links 
como o elemento central da forma, causou controvérsia na comunidade original 
blogueira.   Eles   acusavam   os   blogs   gerados   pelos   novos   softwares   de   serem 
simplesmente diários, e não blogs – e o que representava os blogs “de verdade” 
eram os links. Alguns achavam que com a seleção criteriosa e justaposição de 
links, os blogs poderiam se tornar uma importante nova forma de mídia alternativa, 
agregando informações oriundas de diversas fontes, revelando diferentes pontos 
de   vista   e   talvez,   influenciar   a   opinião   em   larga   escala   –   uma   visão   chamada 
“mídia participativa”.
Mas a mensagem passou a modelar o meio. No início de 2000, Blogger introduziu 
uma inovação – o permalink – que transformaria o perfil dos blogs. Os permalinks 
garantiam a cada publicação em um blog uma localização permanente ­ uma URL 
–   que   poderia   ser   referenciada.   Anteriormente,   a   recuperação   em   arquivos   de 
blogs só era garantida através da navegação livre (ou cronológica). O permalink 
permitia então que os blogueiros pudessem  referenciar publicações específicas 
em   qualquer   blog.   Em   seguida,   hackers   criaram   programas   de   comentários 
aplicáveis   aos   sistemas   de   publicação   de   blogs   que   ainda   não   ofereciam   tal 
capacidade. O processo de se comentar em blogs significou uma democratização 
da   publicação,   conseqüentemente   reduzindo   as   barreiras   para   que   leitores   se 
tornassem escritores.
A   blogosfera,   termo   que   representa   todos   os   blogs,   ou   os   blogs   como   uma 
comunidade ou rede social, cresceu em ritmo espantoso. Em 1999 o número de 
blogs era estimado em menos de cinqüenta; no final de 2000, a estimativa era de 
poucos milhares. Menos de três anos depois, os números saltaram para algo em 
torno de 2,5 a 4 milhões. Atualmente existem cerca de 50 milhões de blogs, de 
acordo   com   o  estudo  State   of   Blogosphere.  O   estudo   revela   que   a   blogosfera 
aumentou   em   100   vezes   nos   três   últimos   anos   e   que   atualmente   ela   tende   a 
dobrar   a   cada   seis  meses.  Esse   aumento  significativo   no   número  de   blogs   ao 
2                                        
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longo   dos   anos   fez   com   que   a   grande   mídia   desse   maior   importância   ao 
fenômeno: entre 1995 e 1999 apenas onze artigos jornalísticos sobre blogs foram 
publicados. No ano de 2003, estima­se que 647 artigos foram publicados.
Provavelmente, a maior diferença entre os blogs e a mídia tradicional é que os 
blogs compõem uma rede baseada em ligações ­ os links, propriamente. Todos os 
blogs   por   definição   fazem   ligação   com   outras   fontes   de   informação,   e   mais 
intensamente, com outros blogs. Muitos blogueiros mantêm um “blogroll”, uma lista 
de   blogs   que   eles   freqüentemente   lêem   ou   admiram,   com   links   diretos   para   o 
endereço   desses   blogs.   Os   blogrolls   representam   um   excelente   meio   para 
observar   os   interesses   e   preferências   do   blogueiro   dentro   da   blogosfera;   os 
blogueiros   tendem   a   utilizar   seus   blogrolls   para   ligar   outros   blogs   que 
compartilham os mesmos interesses.
Muitos sites oferecem o serviço de blogs gratuitos.
Site URL Descrição
Blogger blogger.com Português ­ Suporta RSS.
Blog.com blog.com Português ­ Suporta RSS.
MSN Spaces spaces.msn.com Português ­ Suporta RSS.
BlogTok blogtok.com
Blogger  
Brasil
blogger.com.br
Português, permite criação de Klubs e  
agregador de conteúdos RSS.
Brasileiro, versão brasileira do Blogger  
no portal Globo.com.
Globolog globolog.com.br Brasileiro, do portal Globo.com.
UOL Blog blog.uol.com.br Brasileiro, do portal UOL.
Terra blog.terra.com.br Brasileiro, do portal Terra.
3                                        
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Weblogger
WordPress
weblogger.com.br Brasileiro, parceiro do portal Terra.
wordpress.com Português, com capacidade para vários  
blogs por usuário e vários autores para o  
mesmo blog.
Blog­se
blog­se.com.br
Brasileiro, ferramenta gratuita do portal  
Comunique­se. Não suporta RSS.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Blog
Modulo 4 ­ Meninas e Mulheres e Movimentos Sociais
Encontro 7 – Não Violência
Dinâmica: violência doméstica 
mostrar   um   vídeo   sobre   a   violência   domestica: 

­   abra   uma   discussão   sobre   violência   começando   com   o   básico   ­   O   que   é 
violência? Quais tipos de violência existem contra mulher? O que é machismo? 
Existe machismo no Brasil? 
­ peça para os alunos lerem os dois artigos sobre a Lei Maria da Penha. Sobre o 
que é essa lei?
­ peça aos participantes que escrevam nos seus Blogs sobre as mulheres na sua 
vida. 
3                                        
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Tipos de Violência Contra Mulher:
• Violência Doméstica
• Violência Física
• Violência Psicológica
• Violência sexual
• Assédio sexual
• Abuso sexual
Por mais informações:
http://www.sof.org.br/mullheresemluta
/tipos.htm
 
Figura 4: Protesto contra a violência ­ 
http://www.sof.org.br/mullheresemluta/tipos.htm
Texto de Apoio ­ Promotoras da Paz (Lei Maria da Penha) 
Eles   não  são  inimigos.  São  marido  e  mulher.  Um  flagrante  registrado  por  uma 
equipe do Globo Repórter na cidade de Floriano, no Piauí, expõe o que muitas ve­
3                                        
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zes fica escondido entre quatro paredes: a violência contra a mulher. "O homem 
precisa tomar ciência de que a mulher não é propriedade dele e que ele não pode 
bater na mulher. A desculpa de que estava bêbado não serve de justificativa por­
que o homem quando bebe não chuta o cachorro, não dá um tapa no chefe nem 
no vizinho. Ele só bate na mulher com aquele sentimento de propriedade", diz a 
desembargadora Maria Berenice Dias. 
Mas como dar um basta no sofrimento? A busca pela justiça muitas vezes é longa. 
Um caminho que, no Rio Grande do Sul, as mulheres não percorrem mais sozi­
nhas. Onde a vergonha impõe o silêncio, elas mostram o rosto. Contra a violência, 
saem às ruas munidas de solidariedade e informação. A distribuição de panfletos 
é uma das ações de um grupo especial de mulheres. Elas conhecem as leis e sa­
bem os caminhos para fazer valer o direito. São as Promotoras Legais Populares. 
Elas são líderes dentro das comunidades. Papéis distribuídos de mão em mão fa­
lam de uma novidade: a Lei Maria da Penha. Para as promotoras populares, é um 
mais um instrumento de trabalho. E o conhecimento vira ação em espaços chama­
dos de Serviço de Informação à Mulher (SIM). Neles, as promotoras orientam as 
vítimas de violência.  "Eles não foram e disseram, pelo telefone, que eu desse um 
café preto e um banho", contou uma vítima. A polícia pode não ter ajudado, mas a 
esposa agredida pelo marido embriagado não ficou desamparada. "A gente pode 
encaminhar o caso para o Fórum, e, na Vara de Família, pedir o afastamento dele 
do lar", orientou uma promotora. "Eles já não falam mais com pessoas que não sa­
bem." 
Uma trajetória que começou em março de 1993, quando três amigas, estudantes 
universitárias, criaram um curso de direitos humanos para moradoras de vilas ca­
rentes. Do projeto, nasceu a idéia de levar a lei para as mulheres que mais preci­
sam dela e advogados para quem não pode pagar.  "Nós revelamos fontes e abri­
mos códigos do conhecimento que são de todo mundo. E isso é fundamental, por­
3                                        
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que a partir do momento em que as pessoas se apropriam daquilo que é delas 
sem saber, mudam completamente de vida", avalia a produtora cultural Elenara Ia­
bel Caribone. E saber mais sobre a Lei Maria da Penha é motivo para voltar à sala 
de aula. As promotoras legais populares não têm cargos públicos ou diplomas uni­
versitários. São treinadas por advogados para conhecer os caminhos da Justiça 
brasileira.  "A idéia é que a gente traduza a legislação e o formato de estrutura do 
estado, para que as pessoas possam saber dos seus direitos e, a partir de então, 
exercer a cidadania", explica a advogada Rúbia Abs da Cruz.   Elas passaram a 
gostar mais de si mesmas. Mas como recuperar a amor próprio daquelas que so­
freram com maus­tratos? 
"Sofri violência dentro do meu próprio quarto. Levei mordidas nas partes íntimas, 
nos seios, e fui sufocada com o travesseiro. Coisas que eu detestava fazer, que 
me davam nojo, eram normais, porque eu fui criada com uma frase que dizia as­
sim: 'Tudo o que acontece dentro do quarto são particularidades de homem e mu­
lher e ninguém deve saber'", conta a líder comunitária Ermínia Duarte. Ermínia é 
um exemplo. Quem vê a mulher ativa organizando a horta da comunidade não 
imagina que ela também já foi vítima de violência doméstica. Quando finalmente 
conseguiu o afastamento do ex­marido, ela enfrentou o que muitas temem numa 
separação. "Passei muita fome. Eu ainda tentei pedir pensão, mas levou muito 
tempo. Sempre que ele vinha para dentro de casa me ameaçava", lembra.   Mas 
Ermínia descobriu que tinha forças. Buscou a Justiça e reconstruiu a própria vida. 
"Hoje eu vejo essas cicatrizes e as dores que ficaram para trás como uma supera­
ção da vida. Posso bater no peito e dizer que eu fui mulher suficiente para ajudar a 
amenizar essa cicatriz e fazer com que essa dor ficasse um pouco mais leve, por­
que eu não parei no tempo", diz. Hoje ela é mais uma das promotoras legais popu­
lares. "Hoje eu sou uma Fênix, que renasceu das cinzas", comemora.
3                                        
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Promotoras da Paz (Lei Maria da Penha) 
http://globoreporter.globo.com/Globoreporter/0,19125,VGC0­2703­15591­5­
251877,00.html
Símbolo de um luta
Braços amigos levam Maria da Penha para mais um encontro com parentes de 
mulheres vítimas de violência no Ceará. Há 23 anos, ela levou um tiro e perdeu o 
movimento das pernas. O tiro foi disparado pelo próprio marido. "Ela é uma pes­
soa guerreira, muito batalhadora, que acredita muito na Justiça", comenta a auxili­
ar de enfermagem Maria Veríssimo Magalhães. Era tanta fé na Justiça que ela não 
teve medo de lutar para ver na prisão o homem que mudou seu destino. "Eu não 
admitia jamais sofrer uma lesão dessa gravidade toda e a pessoa que fez isso co­
migo ficar livre. Ele precisava ser punido", diz Maria da Penha. Farmacêutica, mãe 
de três filhas, casada com um colombiano naturalizado brasileiro, Maria da Penha 
tinha uma vida tranqüila até o dia em que foi despertada para um pesadelo. "Eu 
acordei com um tiro nas costas. Escutei um estampido, e o tiro foi direcionado 
para mim", conta. 
Um tiro disparado por assaltantes que invadiram a casa durante a madrugada. 
Essa foi a versão contada pelo marido de Maria da Penha na época. Mas tudo não 
passou de uma farsa. Com as investigações, a polícia começou a desconfiar que 
foi ele próprio quem atirou na mulher enquanto ela dormia. Quatro meses depois, 
Maria da Penha teve a certeza: dividia a cama com o homem que tinha tentado as­
sassiná­la. Foi o fim da história de um casal que se conheceu na Universidade de 
São Paulo (USP) e o início de uma trama cheia de contradições. Maria da Penha 
lembra quando percebeu uma mudança na personalidade do marido: "No momen­
to em que ele foi naturalizado brasileiro, ele conseguiu seu objetivo e mudou total­
mente de conduta. Começou a se tornar uma pessoa bastante agressiva, não só 
em relação a mim, mas aos próprios filhos". 
3                                        
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A tentativa de homicídio aconteceu em 1983. O ex­marido de Maria da Penha foi 
duas vezes a julgamento. Condenado, recorreu e continuou em liberdade. "Nesta 
circunstância, Marco Antônio Heredia Viveros, único responsável por minha prisão 
perpétua em cadeira de rodas, aguarda, gozando em total liberdade, que seja de­
terminada a data para ser submetido novamente ao Tribunal de Júri", escreveu na 
ocasião. Hoje, aos 61 anos de idade, Maria da Penha voltou a morar na casa dos 
pais. Para amenizar a dor, escreveu um livro contando sua história. Um drama que 
levou o Brasil a um julgamento internacional. Em abril de 2001, o país foi condena­
do pela Corte Interamericana de Justiça pela demora em julgar crimes desse tipo. 
A Organização dos Estados Americanos (OEA) também recomendou ao governo 
federal que tomasse medidas mais enérgicas nos casos de violência contra a mu­
lher. "A OEA solicitou uma indenização material e outra simbólica. A simbólica está 
sendo feita, porque eu recebi a lei em meu nome. Para mim, não poderia ter sido 
uma reparação melhor", diz Maria da Penha. Tudo que Maria da Penha quer agora 
é rigor na implantação e estrutura para que a lei seja realmente cumprida. Aposen­
tada por invalidez e mesmo com as limitações físicas, continua com forças para 
buscar justiça não só para ela, mas para todas as vítimas de violência no Brasil.
Fonte: Símbolo de um Luta: 
http://globoreporter.globo.com/Globoreporter/0,19125,VGC0­2703­15591­5­
251878,00.html
Encontro 8 ­ Gênero e Tecnologia
Dinâmica: Tecnofobia
­ peça aos participantes que definam o significado de tecnofobia – Quem no curso 
é um tecnofobe?
3                                        
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Tecnofobia – uma fobia de tecnologia
FATOS SOBRE MULHERES E TECNOFOBIA

A participação no uso de tecnologia da mulher é menor do que o uso de 
tecnologia do homem, e bem menos nos países em ‘desenvolvimento’ – 
como o Brasil.

Mulheres normalmente são os receptores da tecnologia e não os criadores.

Os direitos da mulher estão ameaçados por novas tecnologias de genética, 
porque o seu desenvolvimento requer testes extensivos em mulheres.

O conhecimento indígena está sendo destruído.  
­ divida os participantes em pares;
­ explique que os participantes farão entrevistas em pares;
­ explique que entrevistas são uma forma de pesquisa;
­ peça aos participantes que façam as seguintes perguntas;
1.   Você   poderia   contar   uma   história   de   um   tempo   em   que   você   se   sentiu 
desempoderada com tecnologia?
2.   Você   poderia   contar   uma   historia   de   um   tempo   em   que   você   se   sentiu 
empoderada com tecnologia?
­   depois   de   todos   os   participantes   serem   entrevistados,   peça   aos   pares   que 
pensem numa visão do futuro em termos de apropriação tecnológica. Como seria 
essa visão? Onde está a mulher nessa visão e como ela está? 
­ peça que os participantes desenhem a visão. Coloque os desenhos na parede. 
Há  semelhanças entre  os  desenhos?     Se  houver   grupos com  a  mesma  visão, 
junte­os;
­ peça aos grupos que criem um plano de ação;
3                                        
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Um plano de ação requer planejamento
• Formular objetivos
• Estabelecer o que é importante (visão)
• Pensar em como atingir esses objetivos
• Agir para alcançar esses objetivos
Os participantes vão criar um plano de ação para conseguir essa visão. Essas 
perguntas podem auxiliar o processo de criação:
Quais são os obstáculos à nossa frente?
Quais recursos temos e quais recursos precisamos para atingir nossos objetivos?
Quem poderia ajudarmos realizar esses objetivos?
­para finalizar, os participantes devem incluir o plano em seus Blogs e compartilhá­
los com os outros para continuar o dialogo por meio dos blogs;
É importante encorajá­los a lerem os outros planos e a dar retorno para os outros. 
Texto de Apoio ­
Inclusão digital: um problema de gênero na Sociedade da Informação
Fernanda   Weiden,   participante   do   Projeto   Software   Livre   Mulheres   no   Brasil, 
escreve sobre a necessidade crescente da incorporação pelo movimento feminista 
dos   temas   ligados   ao   acesso   e   uso   das   TICs   como   um   direito   das   mulheres. 
Segundo   a   autora,   às   vezes   o   código­fonte   de   um   software   pode   influenciar 
nossas vidas mais do que uma legislação. "Conhecer as regras do jogo a que 
estamos submetidas e ter a possibilidade de se apoderar desse conhecimento é o 
diferencial nesse cenário. E só podemos acessar a informação e conhecer essas 
regras de maneira completa utilizando software livre". 
Na   era   da   Sociedade   da   Informação,   uma   pessoa   que   não   fizer   uso   das 
tecnologias   da   informação   e   comunicação   como   uma   ferramenta   para   agregar 
3                                        
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conhecimento, facilitar tarefas diárias, otimizar e dar velocidade às comunicações 
e ampliar redes será uma excluída digital. Num mundo hiperconectado como este 
em que nós vivemos hoje, e que será muito mais conectado em poucos anos, um 
excluído digital é também excluído social, e o computador tem que ser visto como 
um   amigo,   e   não   somente   como   um   desafio   que   não   será   enfrentado.   As 
mulheres,   em   geral,   já   estão   fora   deste   círculo   de   fluxo   de   conhecimento 
tecnológico e precisam se dar conta disso e, a partir daí, se apoderar das novas 
tecnologias   para   potencializar   a   capacidade   de   comunicação   e   troca   de 
informações,   inclusive   sobre   as   causas   históricas   do   feminismo.  
Por trás deste mundo conectado está o software, cada vez mais utilizado por nós 
através   de   caixas   eletrônicos,   telefones   celulares,   automóveis.   A   igualdade   de 
acesso   à   informação   definirá   quem   estará   em   iguais   condições   de   se   tornar 
protagonista   e   quem   estará   excluído   desta   nova   Sociedade   da   Informação. 
Código­fonte   é   informação   e,   como   diz   Lawrence   Lessig,   também   é   norma. 
Algumas vezes o código­fonte de um software é mais importante e mais influente 
em nossas vidas do que a própria legislação de um país. Conhecer as regras do 
jogo   a   que   estamos   submetidos   e   ter   a   possibilidade   de   se   apoderar   desse 
conhecimento é o diferencial nesse cenário. E só podemos acessar a informação e 
conhecer   essas   regras   de   maneira   completa   utilizando   software   livre.  
O Movimento Feminista precisa se dar conta disto e, a partir daí, tratar a inclusão 
digital das mulheres como um assunto importante e também urgente, porque se 
não o fizer, daqui a dez anos, além de discutir os problemas de gênero do século 
passado, que infelizmente ainda não foram solucionados, terão a exclusão digital 
como   mais   um   problema   de   gênero   a   ser   combatido.   E   dez   anos   é   uma 
expectativa   um   tanto   quanto   otimista.   A   exclusão   digital   já   é   um   problema   de 
gênero e precisa ser trabalhada desde já. Não estou aqui dizendo que todas as 
mulheres   precisam   virar   hackers,   mas   sim   que   todas   precisam   fazer   uso   das 
3                                        
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tecnologias disponíveis para garantir que terão iguais condições de participação 
na Sociedade da Informação.
Violência   sexual,   direitos   sexuais   e   reprodutivos,   igualdade   de   remuneração, 
mercantilização e outros são temas muito importantes, que estão influenciando em 
muito   a   vida   de   todas   as   mulheres   atualmente.   Mas   e   o   futuro?   Precisamos 
trabalhar   hoje   para   evitar   o   aumento   da   nossa   lista   de   pendências   para   a 
participação plena e igualitária na sociedade de amanhã. Um amanhã nem tão 
distante
 
assim.
 
Claro que não posso deixar de citar duas mulheres que, na minha opinião, foram 
motivo de orgulho para a comunidade software livre nos últimos tempos: Fabianne 
Baveldi e Margarita Manterola. A primeira tem dado o sangue pelo projeto Pontos 
de   Cultura   no   Brasil   e   tem   mostrado   a   que   veio.   Uma   mulher   da   cultura,   da 
tecnologia, uma hacker, uma ativista pela liberdade. A segunda, da Argentina, tem 
contribuído muito apontando problemas e soluções no projeto Debian, e eu não 
estou falando de dar palpite, estou falando de bugs de software e correções. Elas 
fizeram a diferença!
Parabéns a todas que fazem me sentir orgulhosa de fazer parte deste pequeno 
grupo.
 
E você? Por que não faz a diferença?
Fernanda G. Weiden, ‘Inclusão digital: um problema de gênero na Sociedade da  
Informação’,
http://www.genderit.org/en/index.shtml?w=a&x=91800,  dia 8 de Março de 2005.
Texto de Apoio 
4                                        
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2 A Inclusão Digital da Mulher
A mulher faz parte integrante dos atuais cenários digitais. Embora sua atuação 
nesses   cenários   seja   ainda   considerada   tímida   por   parcela   significativa   de 
pesquisadores e estudiosos, espera­se e é mister sua contribuição cada vez mais 
firme   e   intensa   também   na   área   das   Tecnologias   da   Informação   e   da 
Comunicação (TIC). Desta maneira, ela passará a ter a visibilidade merecida, do 
mesmo modo como já tem sido detectada sua visibilidade em outras áreas, como 
a das Ciências. E este processo deve abranger não apenas uma das extremidades 
dos sistemas de informação e comunicação (SIC), que se refere aos usuários dos 
sistemas,   mas   também   e   principalmente   a   outra   extremidade,   que   diz   respeito 
aos/às produtores/as de programas (softwares), CD­ROMs e sites das redes de 
informação e comunicação.
Isto   porque   cada   vez   mais   a   mulher   também   tem   sido   usuária   das   novas 
tecnologias   tanto   no   espaço   público   quanto   no   espaço   privado.   Para   dar   uma 
ligeira   idéia,   observe   a   figura   abaixo   e   veja   uma   residência   da   atualidade 
localizada em sociedade ocidental tida de primeiro mundo:
Fonte: página da www.doorsofperception.com.
4                                        
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O   que   se   percebe   na   imagem   são   inúmeros   sistemas  utilizados   na   casa   e   as 
tecnologias aí aplicadas pertencem cada vez mais ao dia­a­dia do ser humano 
atual, incluindo, claro, a mulher, que também está nesse cenário como usuária 
final desses sistemas.
No entanto, embora o número de usuárias dos SIC esteja crescendo com certa 
rapidez,   o   número   de   programadoras   tem   decrescido   nos   últimos   dez   anos 
segundo   dados   da   BBC   News   de   julho   de   2002,   havendo   cada   vez   menos 
mulheres estudando ciências da computação (e ciências exatas, em geral) nas 
universidades. Isto porque, para muitas mulheres, principalmente as mais jovens, 
ainda é forte o estereótipo e a imagem de que as carreiras tecnológicas são um 
tanto quanto anti­sociais e  até  mesmo  enfadonhas.  Porém, a  verdade  está em 
uma abordagem oposta a esta, isto é, muitos destes profissionais estão influente e 
ativamente   revolucionando   tanto   artefatos   tecnológicos   quanto   conteúdos   das 
ciências da computação, da informação e da comunicação, e, portanto, moldando 
(“formatando”)   nossas   atividades   individuais   e/ou   coletivas,   nossos 
comportamentos, nosso modo de pensar e agir, em nossas residências, locais de 
trabalho, na mídia, tendo reflexos decisivos no modo como vivemos e vemos o 
mundo. Dentre esses profissionais estão os programadores de softwares e jogos, 
páginas   e   sites   na   web,   engenheiros,   criadores   de   efeitos   tridimensionais 
envolvendo   áudio   e   vídeo,   recorrendo   a   som,   imagem   e   movimento,   enfim, 
designers industriais e gráficos.
Esta   tendência   deve   mudar   quando   a   mulher   perceber   que   ela   pode   fazer 
diferença   na   construção   do   Século   XXI,   ocupando   também   os   espaços   nas 
ciências exatas, principalmente os da computação, na medida em que ao produzir 
programas e jogos nessa área do saber, além de sites na Web e CD­ROMs, estará 
moldando comportamentos, mudando papéis sociais na estrutura da sociedade, 
visando a construir situações mais igualitárias, portanto mais democráticas entre 
homens e mulheres. Portanto, as mulheres podem e devem adentrar campos de 
estudo,   investigação   e   atuação   como   o   da   Interação   Ser   Humano­Computador 
(projetando interfaces amigáveis, por exemplo), o da Política de Privacidade na 
4                                        
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Web, o  da  liberdade  de  expressão, da  proteção à criança  e da  própria mulher 
contra abusos de toda sorte, do armazenamento e gestão da informação na Web 
(como construir museus interativos, por exemplo), da produção de sistemas de 
aprendizado on­line, dentre uma série de outros.
2.1 Iniciativas de democratização da Internet
Uma das iniciativas pioneiras que emergem visando à democratização do acesso 
à Internet, “mãe de todas as redes”, e que resulta em diminuição do abismo entre 
a   inclusão   e   a   exclusão   digital­social   no   atual   paradigma   tecnológico­
computacional, é a implantação da primeira rede de Internet pública no Brasil, a 
partir de meados de 2000. Ela está sendo instalada nos Faróis do Saber, que são 
45 minibibliotecas públicas construídas no centro e na periferia de Curitiba­PR. 
Esta   atividade   faz   parte   do   projeto   da   Prefeitura   local   intitulado   “Digitando   o 
Futuro”   e   propicia   acesso  gratuito  à  Internet  por   parte   da   população   em  geral. 
Alguns parceiros educacionais aderiram ao projeto, dentre eles: o Comitê para a 
Democratização   da   Informática   (CDI),   ligado   a   uma   Organização   Não­
Governamental (ONG) que iniciou seu trabalho comunitário nas favelas do Rio de 
Janeiro­RJ,   com   cursos   de   informática   e   noções   de   cidadania;   a   Companhia 
Paranaense de Energia (Copel), com o projeto “Luz das Letras”, com cursos de 
informática   e   alfabetização   juvenil   e   de   adultos.   A   Celepar,   com   o   projeto   “O 
Despertar da Informática”, que fornece cursos básicos de informática. Há, ainda, 
os telecentros de informática, um implantados pela Prefeitura de São Paulo­SP na 
Cidade Tiradentes, região leste, e outro no bairro periférico Capão Redondo, zona 
sul, ambos na capital paulista. Há também os “cybercafés” que proliferam em São 
Paulo­SP, mas estes são pagos.
Veja   alguns   dados   estatísticos   parciais   levantados   pelo   Instituto   Curitiba   de 
Informática   (ICI),   órgão   responsável   pela   implantação   do   projeto   “Digitando   o 
Futuro”   nos   Faróis   do   Saber   de   Curitiba­PR,   como   resultados   de   amostragens 
iniciais (ver tabela no final do capítulo)
4                                        
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Por essa iniciativa, percebe­se que a mulher tem aproveitado essa oportunidade 
que   os   Faróis   do   Saber   proporcionam,   mas   que   ainda   há   espaços   –   brechas 
digitais   –   a   serem   ocupados.   Essas   oportunidades   dão   sensação   de 
empoderamento (esta palavra vem do inglês “empowerment” e quer dizer algo que 
dá   poder   às   pessoas)   a   elas,   e   devem   servir   como   molas   propulsoras   e 
incentivadoras de uma atuação mais eficiente e eficaz das mesmas nos cenários 
digitais da sociedade em Rede na nossa Era da Informação.
Nesse cenário, a mulher vem conquistando seu espaço, conseguindo penetração 
e   maior   visibilidade   no   meio   virtual,   além   da   opção   otimista   com   relação   à 
usabilidade diária deste artefato, pela simplificação que proporciona às suas vidas, 
por   resultar   em   economia   de   seu   tempo.   Segundo   Gloria   Bonder,   “nos   EUA, 
enquanto em 1999 elas eram 46% do total dos usuários, em 2000 chegavam a 
50,4% e, segundo as previsões ultrapassariam os homens nos próximos anos. A 
exemplo da Inglaterra, Alemanha, Austrália e Canadá, onde esta tendência já é 
concreta, ela tende a se espraiar para outros países. Nos EUA (e Women.com) 
este é o perfil destas mulheres: “casadas, ao redor de 30 anos, com alto nível de 
ingresso   (entrada);   mais   de   50%   fazem   suas   compras  online  (especialmente 
roupa, livros, CDs, viagens) e preferem este meio para se informar sobre produtos 
mais que qualquer outro; quase 90% se informa e toma decisões na  web  sobre 
questões de saúde e financeiras; mais da metade tem acesso em seu trabalho e, 
além disso, usam cerca de 9 horas semanais online a partir de suas casas” .
Especificamente quanto ao Brasil, 64% dos usuários da Internet concentram­se na 
região  Sudeste; 18%  na região Sul )ou seja, 82% nas regiões Sudeste  e  Sul); 
sendo os locais de acesso: casa (52%), trabalho (36%) e escola (10%). Quanto ao 
gênero, 57% são do sexo masculino e 43% do feminino; sendo que 65.88% têm 
menos de 30 anos; 39% têm instrução superior; 39% colegial; 4% ginasial e 1% 
primário. A renda familiar destes usuários é 88.41% acima de 10 salários­mínimo 
(FESTA, 2002).
2.2 A Internet e as Relações de Gênero
4                                        
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Com   a   proliferação   dos   computadores   pessoais(   PCs)   na   década   de   80   e   o 
“boom” da Internet em meados da de 90, os computadores e periféricos (teclado, 
mouse, monitor, impressora, etc.) passaram a fazer parte do dia­a­dia do trabalho 
e do lazer de parcela expressiva da Sociedade em Rede na civilização ocidental. 
Isto porque elas se viram às voltas com profissões e situações diárias que, embora 
não   tivessem   necessariamente   a   computação   como   ponto   central   de   suas 
atividades, requeria, porém, os sistemas computacionais como ferramentas úteis 
para cumprirem suas metas e seus objetivos pessoais e profissionais. Também as 
mulheres   beneficiam­se   desses   artefatos   tecnológico­computacionais,   que 
facilitam   em   muito   suas   atividades.   Esse   cenário   na   Internet   ainda   é   bastante 
desigual. Há que se fomentar a igualdade entre ambos os gêneros.
2.3 Algumas informações animadoras
Embora os “hackers” (especialistas na área computacional) estejam associados ao 
estereótipo  forte   e   socialmente  construído   na   área   tecnológica­computacional   – 
jovem   adolescente,  solitário   e  mau   –  há mulheres  atuando  nesse  segmento,  a 
exemplo   de  Sarah   Flannery.   Em   1999,   ela   tinha   16   anos   quando   recebeu   o 
prêmio “Jovem Cientista do Ano”, na Irlanda, pelo seu trabalho sobre criptografia 
na Internet. Esta é uma área considerada um reduto masculino por excelência, 
tanto que Sarah foi descrita no recente livro “The Hacker Ethic” como “hacker de 
16   anos”.   Atualmente,   ela   é   estudante   na   Universidade   de   Cambridge/EUA. 
Recém lançou  o  livro  “In  Code:  A  Mathematical  Journey”, escrito  com  seu  pai, 
contando sobre suas aventuras na área da matemática e da criptografia, incluindo, 
portanto, o universo digital.
Outro ícone feminino neste universo, ainda tido como solidamente masculino, é 
Jude Milhon, conceituada programadora de Sistemas de Informação (SI), citada 
como   uma  das  primeiras   “hackers”   femininas   no  livro   de   Steve   Levy  “Hackers, 
Heroes   of   the   Computer   Revolution”   (Hackers:   Heróis   da   Revolução 
Computacional), lançado em 1984. Detectando o “fio histórico” do porque deste 
reduto ser amplamente do domínio masculino, vamos encontrar que, no início, a 
Informática   e   a   Computação   eram   exclusivamente   abrangidas   pelas   ciências 
4                                        
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exatas,   que   sempre   foram   mais   procuradas   para   estudo   e   pesquisa,   pelos 
homens. Esta situação começa a mudar na década de oitenta, com a proliferação 
dos computadores pessoais, culminando com a interligação deles em redes de 
trabalho   e   lazer,   sendo   a   principal   delas   a   Internet,   que   atinge   seu   apogeu   e 
consolidação como artefato cultural humano em meados da década de noventa. 
Ela   é   moldada   pelos   humanos;   porém,   ao   mesmo   tempo,   molda­os 
incessantemente, como uma infovia de duas mãos. É a partir de então que se 
consolida, também, a premente necessidade de se ter, na área da computação, 
uma abordagem que exceda o olhar centrado excessivamente nas ciências exatas 
e   nas   tecnologias   em   si,   contemplando   também   e   principalmente   os 
relacionamentos   humanos,   os   quais,   até   então,   estavam   relegados   a   plano 
secundário.   Desta   maneira,   incorpora­se   nessa   área   de   estudos,   as   ciências 
humanas, como a Psicologia Cognitiva, a Lingüística, a Antropologia, a Sociologia, 
a  Ergonomia,  etc., visto  que  somente os  estudos  das ciências exatas  não  dão 
conta da complexidade que a Internet apresenta, com suas “n” interações sociais e 
multiculturais, além tão somente dos aspectos técnicos.
No entanto, sabendo que nossas atividades profissional e pessoal no atual cenário 
digital   dependem   também   dos   designers   de   programas   (softwares)   de 
computadores,   é   importante   conscientizar­se   que   a   mulher   tem   colaboração   a 
prestar nessa área de estudos, investigação e produção. Além de Sarah Flannery 
e Jude Milhon há diversos outros exemplos. No Brasil, o cenário de produção de 
programas   para   computadores   começa   a   ter   cada   vez   mais   mulheres, 
principalmente aquelas que têm o perfil de Pedagogas e com cursos de extensão, 
especialização,   ou   mestrado   em   Tecnologia,   Computação,   ou   Informática,   que 
estão sendo integradas em equipes que produzem CD­ROOMs, sites Web para 
fins educacionais; ou de jogos; ou para atender empresas e indústrias; além, claro, 
das pioneiras, a exemplo de Maria Rosilene Ferreira Lopez, bacharel em Física 
pelo   Instituto   de   Física   da   Universidade   de   São   Paulo   (IFUSP),   com 
especialização   em   Engenharia   de   Sistemas,   e   Mestranda   em   Engenharia   de 
4                                        
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Software, atuando no mercado de trabalho há 25 anos ­ no Instituto de Pesquisas 
Tecnológicas (IPT) e 4 anos no IFUSP.
Em   síntese,   entendendo­se   que   as   diferenças   estabelecidas   entre   homens   e 
mulheres   são   construções   sociais,   em   sua   base   de   relações,   é   de   extrema 
importância conscientizar as mulheres da importância de posturas críticas quanto 
ao cenário digital visando a perceber se há neles a reprodução dos papéis sociais; 
se   há   o   reforço   ou   diminuição   ou   eliminação   destes   padrões   sociais,   e   sua 
expressão em contextos culturais específicos, que resultam em maior igualdade de 
gênero. Já existe uma série de estudos de gênero no mundo digital, dentre eles, 
os que mostram resultados de abrandamento das barreiras sociais que persistem 
no mundo real; outros que reforçam as situações deste mundo real, sendo o virtual 
apenas seu reflexo (como a exploração das imagens das mulheres direcionadas à 
infopornografia); ou os que priorizam a questão da identidade on e off line, sendo 
que uma das gurus neste tema é a psiquiatra e pesquisadora Sherry Turkle, que 
provocativamente sugere que o  self  ou a identidade só expressa­se plenamente 
online; ou mesmo poder. Há que se ter aprendizado adequado e intenso visando a 
eliminar tanto quanto possível as desigualdades entre os gêneros.
Fonte: A Inclusão Digital da Mulher
http://www.cidade.usp.br/educar/?monografias/masculinofeminino/gentecsoc...
Unidade 5 – Projeto de Pesquisa
Encontro 9 – Definição de Pesquisa
­ Finalizar os Blogs
Dinâmica: finalizando os blogs
­os grupos de trabalho criam, editam e finalizam a página Web;
O Blog:
4                                        
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Tema sobre gênero: por exemplo, gênero e meio ambiente, gênero e violência, 
gênero e tecnologia, gênero e participação.
Fotos.
Textos (entrevistas, histórias, notícias, entre outras coisas).
Questões para provocar retorno.
Dinâmicas para motivar colaboração.
Links importantes
Importante: o oficineiro deve apoiar os participantes na montagem, no design da 
página e pode também direcioná­los para sites com informações relevantes.
Dinâmica: Os blogs são um trabalho em andamento
Encontro 10 – Apresentação de Blogs e Avaliação Participativo
­realizar as apresentações;
­realizar uma dinâmica de colaboração;
­realizar uma avaliação do curso.
Dinâmica 
As pessoas formarão dois círculos, um dentro do outro. Os participantes escrevem 
num papel um objetivo que querem realizar, os quais serão distribuídos de forma 
que cada integrante dos círculos tenha um. O círculo interno deve ficar de frente 
para o externo, de maneira que cada pessoa tenha um par.
O oficineiro dará em média 2dois minutos para que as pessoas do círculo interno 
façam suas  perguntas e  obtenham  consultoria  das pessoas do círculo  externo. 
Apenas as pessoas do círculo interno se movimentam até chegarem ao seu par 
inicial. Dessa maneira, elas recebem respostas de todas as pessoas do círculo 
externo e, a partir daí, será feito o processo inverso para que todos os integrantes 
façam perguntas e dêem respostas.
4                                        
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A   idéia   é   mostrar   que   juntos   podemos   encontrar   soluções   dos   problemas 
complexos do mundo.
Dinâmica de encerramento: Avaliação do Corpo
Avaliar   a   satisfação   em   relação   às   atividades   desenvolvidas;   explorar   os 
aprendizados pessoais e emocionais dos participantes. 
Os participantes e os convidados podem participar nessa avaliação.
Materiais:
­Uma folha de papel do tamanho de um corpo
­Canetões
­Cartas
­Fita adesiva
Instruções:
­Desenhar um corpo
­Os participantes devem definir com uma palavra, frase ou desenho, o que eles 
aprenderam com: a mente, o coração, as mãos e os pés. Essas palavras, frases 
ou desenhos, são escritos nos cartões e colocados nos locais correspondentes do 
corpo desenhado. 
Significados de cada parte do corpo
Mente: novos conhecimentos cognitivos.
Coração: valores
Mãos: habilidades práticas
Pés: próximos passos.
4                                        
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­Esta é uma auto­avaliação; as respostas podem ser compartilhadas entre o grupo 
ou afixadas na parede para que todos possam apreciar. 
Esta oficina está licenciada em Creative Commons Atribuição ­ Não 
Comercial ­ Compartilhamento Pela mesma Licença 2.5 Brasil, para 
conteúdos Iguais ou Modificados .
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