Diário de Genet - Resenha
A peça teatral que leva o nome "Diário de Genet" trás consigo uma mistura de inovação, discursão e intimidade. Ao entrar na sala o público notará que as barreiras entre os atores e eles é praticamente quebrada, já que o cenário é totalmente simplório e podemos ver todo o teatro, desde palco até o seu interior como o camarim, escadas, etc. Logo notamos que Duda e Rafael (atores da peça) limpam o palco que é o ponto de "start" para suas falas se desenrolarem de forma natural, como se fossem dois amigos se divertindo do palco antes de entrar em cena. Durante as entradas e saídas de diversos personagens das obras de Genet, fora os dos próprios atores-narradores, podermos notar várias ligações das críticas encontradas nessas obras com vários acontecimentos da "modernidade", que ainda se mostra bastante conservadora, tendo como base a famosa divisão entre o que é certo, nobre e respeitoso e do que é errado, pobre e vergonhoso para nossa sociedade, que de forma bastante descontraída ambos atores chegam a usar do nudismo para sátira dessas "castas" impostas constantemente nos conflitos internos de cada indivíduo. Esse nudismo citado foi essencial para que a peça ganhasse um impacto muito maior, já o nu ele trás uma crítica, trás um tema extremamente importante que é discutido em cena.
A sonorização da peça chega a ser um cenário, devido à capacidade incrível que as músicas selecionadas para essa peça tenham o poder de transportar a pessoa para um cenário totalmente palpável, ou também para fazer com que possamos sentir de forma mais intensa a emoção da cena e/ou da personagem. Já a iluminação, inicialmente foi utilizada como uma aproximação, porque assim que somente as luzes do palco permanecem acessas a sensação de intimidade com o autor aumenta, até porque o palco se torna pequeno, pela utilização de poucas luzes, quebrando várias barreiras entre a plateia e o espectador. Utilizada até como meio de transporte temporal, quando Genet (Duda) fala sobre uma senhora que possivelmente podia ser sua mãe, o objeto em suas mãos se torna um meio de viajar para um momento anterior, e ao mesmo tempo incorpora essa senhora de seu passado. Ou também para dar uma visão de distanciamento, quando ambos os atores "brincam" com o barco no palco, usando apenas uma luz que ao refletir a sombra do barquinho de papel, criando toda uma sensação de viagem e movimentação.
Ao sair desse espetáculo, o público mais conservador entrará em choque com tantas informações lançadas durante a peça que brinca com seus personagens e temas abordados em suas interpretações. Junto a um debate forte sobre uma igualdade sexual, mostrando de onde vem a raiz de todo o preconceito e como ele chega até a essa supremacia em que o homem nasceu para mulher e vice-versa, além da fragilidade de alguns com apenas a presença de um objeto que tenha analogia a homossexualidade e como isso pode "abalar" os inseguros. No final das contas todos somos iguais, recheados de insegurança, dor, medo, fúria, amor, vontade, prazer e tudo isso está dentro de nós, seja algo bom ou ruim.
Obs: Não sei se ficou bom, estou meio cansado e com dor de cabeça. Está aí o de Genet, vou ver Áfricas no Sábado ou Domingo, até Terça estarei postando.
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Comentários
#1
Bom, somente agora 19:23 que eu realmente finalizei a Resenha. Antes era apenas um rascunho com o grosso das ideias, que foram largadas de qualquer forma. Agora eu evitei repetições e fiz algumas correções no português. :)