Diário da Livre - Experimento 5

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Começamos o trabalho rumo à Frankenstein. Que venham os monstros!

Comentários

#1

19/08/13

Encontro com Marcio: início do Experimento 5. Ficamos alguns minutos esperando os ausentes...

Relembramos os sons do Experimento 2. Foram 3 grupos de sons: Lucílio, Junior e Iana.  Quando juntamos os sons por grupo, o conjunto começou a ficar harmônico. Começamos a andar, emitindo o som e incorporando a respiração. Depois Marcio pediu que sentíssemos como isso se manifestava em nosso corpo e o que nos remetia à Victor Frankenstein. Em determinado momento, Marcio pediu que sentíssemos o “peso” que o som e o andar provocavam em nosso corpo. Senti que o som que eu emitia (muito agudo e suave) me trazia um sentimento de leveza. O “peso” que eu carregava era leve. Quando visualizei Frankenstein, lembrei-me da cena do navio no mar congelado. Isso me trouxe uma sensação de frio. Essas sensações se manifestaram também porque antes foi dito que eles trabalharam com a cor azul e o frio, ao criarem os sons. Percebi que alguns colegas manifestaram sentimentos de tristeza, dor. Eu trabalhei mais com a visualização dessas imagens (mar e gelo). Por último, ainda durante o andamento, pediu que fosse dita uma frase que se manifestasse desse sentimento. Minha frase foi: “o tempo move o ar”. Porque o tempo move todas as coisas...

A final do encontro, abrimos a roda para falar sobre a experiência do exercício de hoje e também de alguns assuntos operacionais da Livre.

#2

20/08/13

Primeira aula de yôga com Anita. Nunca tinha experimentado e adorei. Fizemos primeiro os três tipos básicos de respiração. Depois alguns exercícios de alongamento e equilíbrio.

Ainda na sala, relembramos os sons da aula anterior.

Hoje foi dia de visita técnica. Aprendemos com Zeus a manusear os praticáveis. Depois ele nos mostrou a área técnica e os detalhes do sistema de iluminação, a mesa de luz, as varas de refletores e de cenário, etc. Tivemos acesso também às passarelas suspensas do palco principal. Demais!!!

#3

21/08/13

Iniciamos o encontro com Bertho Filho. Um trabalho físico intenso: movimento circular, movimento flecha, por último movimentando uma parte do corpo ao som da batida no tambor. Fiquei cansada... Depois fizemos a improvisação livre: duas pessoas, quando a terceira entra, a primeira sai. Hoje teve algumas cenas engraçadas: “me tirem daqui...”, kkk.

Com Marcio, relembramos os sons da aula anterior. Desta vez, o exercício do som/respiração propôs que sentíssemos o nosso corpo como algo grande e pesado. A Criatura se fez presente... Depois evoluímos para sons/ritmos, e misturamos tudo na roda.

Por fim, nos reunimos para falar das alfaias do maracatu e outros assuntos da Livre.

#4

22/08/13

Primeiro encontro (dos novos Livres) com o colaborador Marcelo Jardim, que vai compartilhar conosco seus conhecimentos vocais. Ele preferiu inicialmente dar uma visão geral do aparelho vocal, as caixas de ressonância, etc. (nada que eu já não soubesse... rss). Então propôs um rápido exercício de aquecimento: começando pelos tornozelos, fizemos movimento circulares em todas as articulações, até chegar ao pescoço. Gostei desse exercício. Senti-me “energizada”. O corpo estava “aceso”, porém sem nenhum tipo de estresse ou cansaço. Então partimos para algumas vocalizações em grupo indicadas por ele. Ele propôs no final um exercício para se feito em casa: inspirar, inflando o abdômen; depois expira, colocando o ar para fora ao som do “S”. Para fortalecer a musculatura abdominal...

No segundo momento com Marcio, fizemos uma leitura do texto construído nos Experimentos anteriores (eu nem sabia que esse texto existia...). Engraçado que havia comentado sobre isso no dia anterior: como o texto será adaptado? Estava com certa ansiedade sobre como faremos essa adaptação. Mas o processo coletivo pode ser bastante variável (e difícil) mesmo.

#5

23/08/13

Encontro com Leno. Sinto muita dificuldade na capoeira Angola. Ela usa muito o plano baixo, e eu não consigo colocar os pés com o calcanhar no chão (no agachamento). Enfim...

No segundo momento, fizemos a recapitulação dos sons dos Experimentos, usando os instrumentos de percussão. Marcio pontuou que todos tem que aprender “todos os toques de todas as músicas”. Peraí... Deixa aprender primeiro um toque de cada música!!! Uma coisa de cada vez... rsss.

#6

26/08/13

Encontro com Marcio. Iniciamos com uma conversa na roda sobre a capoeira. Apoena falou sobre a proposta de fazer uma filmagem diferente sobre a oficina de berimbau. Mostrar não apenas o passo a passo da feitura do instrumento, mas contextualizar isso numa visão mais ampla do berimbau: porque ele foi feito (no passado), como era usado, qual seu uso hoje, porque utiliza-lo no trabalho da Livre. Mayse começou a filmar esse debate sobre a gênese do berimbau e do vídeo da oficina. Dayse opinou sobre como ela interpreta a visão que existe sobre o instrumento. Quando Apoena falou que o berimbau era usado como arma, Dayse lembrou que “qualquer coisa pode ser usada como arma, no momento que alguém é agredido. Se a pessoa tem uma pedra, ela joga a pedra.” Ela também falou sobre sua experiência na capoeira, e como seus mestres na infância alertavam para que não fossem usados “golpes de luta” na roda. Os capoeiristas até aprendem esses golpes como defesa, mas isso não deve ser usado nas rodas. Seguiu-se um debate sobre os vários tipos de capoeira e a transformação que ela sofreu ao longo do tempo, até ser considerada esporte nos dias de hoje. “Quem transformou a capoeira em esporte foi Mestre Bimba”, afirmou Mayse. Foi comentado o fato de que existem vários relatos sobre a origem do berimbau (e da capoeira). Dayse contou que a música tocada no berimbau serve para nos conectar com a espiritualidade. A música faz essa conexão. Junior lembrou que os primeiros capoeiristas (escravos) abriam clareiras na mata para jogar capoeira. Talvez tenha surgido ali a forma do berimbau que conhecemos hoje. Os homens utilizavam o que encontravam na mata para fabricar o instrumento. Marcio disse que na África existe um tipo diferente de berimbau, bem menor e com a maneira de tocar diferente também. Enfim, muitas informações interessantes. Mas precisamos abordar uma questão crucial: por que utilizar o berimbau na Livre e em Frankenstein???

No segundo momento do encontro, nos detivemos na análise do capítulo 1. Pergunta: o que existe de relevante para a estória neste primeiro capítulo? Tiago começou falando que neste trecho Victor “recebe” Elizabeth de presente. Isto define o tipo de relação que ele tem com ela. Outros pontuaram que este capítulo descreve a base familiar de Victor: a família, os valores, o conforto na infância e juventude. Sônia defendeu que o capítulo mostra a relação de Victor com o pai, e como isso também é importante na formação de Frankenstein. Surgiram divergências sobre os pontos de vista e passamos a defendê-los na roda de capoeira. “Cada golpe, um argumento”, disse Marcio. Então tá...  Passamos a falar de aspectos mais gerais. Entrei na roda para dizer que Victor é um covarde. Quando viu a Criatura horrenda que criara, simplesmente fugiu, abandonando-a. Depois não defendeu Justine, que é condenada à morte, sendo ele o único possuidor da certeza de sua inocência. Não o fez, alegando “que seria inútil”, ou que a “verdadeira estória não poderia ser alardeada publicamente”. Entrei na roda em contraponto à Kadu, que havia dito que Victor é egoísta. “Não é egoísmo, é covardia mesmo”, falei. Gustavo entrou na roda para defender seu ponto de vista, dizendo que “ele é humano, que errou, não é mau”. Mas a covardia é um sentimento humano! “Eu não disse que ele é malvado, mas covarde. São coisas diferentes”. Eu acho que a covardia e o heroísmo são extremos na dramaturgia. Ambos levam à tragédia e à ruína. A tragédia de Victor não vem do egoísmo, mas da covardia que o impede de agir, de tomar as rédeas da situação que ele mesmo criou.

Ao final desse jogo de pontos de vista sobre Victor, Marcio novamente perguntou: e o que isso tem a ver com o capítulo 1? Acho que a pergunta é: o que é muito relevante que precisa ser revelado cenicamente. Na verdade, o que é essencial no capítulo 1?

Depois Marcio revelou que a própria estória da concepção do “Prometeu moderno” também é muito interessante. Isso é relatado por Mary Shelley na introdução do livro, versão de 1831. Para mim a peça poderia começar com lorde Byron, o casal Shelley e Polidori no castelo, em um dia chuvoso, lendo “estórias alemãs traduzidas para o francês”, como relatou Mary. A estória da gênese de Frankenstein é cênica, que visualizo de muitas formas no palco do Vila.

Encerramos o encontro. “Temos pouco tempo por dia para o trabalho”, disse Marcio. “Sou do tempo que a gente trabalhava oito horas por dia”. Veja bem...: oito horas por dia, mais as horas de trabalho na Livre, mais as horas de estudo em casa, mais as horas para dormir e comer... Hum, acho que 24 horas por dia é pouco, kkk.

#7

27/08/13

Nosso segundo encontro de yôga com Anita, sempre prazeroso.

No encontro com Marcio expusemos os principais acontecimentos do capítulo 2. Cada ator devia contar (defender) a estória do trecho. Depois o grupo avaliava a desempenho do ator, o conteúdo e a forma apresentados. Bárbara foi a primeira... Fui a segunda, mas servi como o primeiro alvo de críticas e comentários. Na verdade, só depois o exercício ficou mais claro para mim, qual o objetivo. Não tenho medo de ser a primeira, porque não tenho medo de errar.

#8

28/08/13

Início do trabalho com Bertho. Trabalho corporal. Depois fizemos improvisações com a cena dos marinheiros. Formei um grupo com Cesar, Giza, Franklin e Bárbara. No palco principal utilizamos a galeria superior (o navio) enquanto Cesar ficou num praticável no chão (mar congelado).

No fim, um papo com Marcio. Pontuei sobre a necessidade de mobilização para os editais. Marcio sugeriu que nos reuníssemos no sábado.

#9

29/08/13

Como o colaborador Marcelo Jardim não apareceu, resolvemos recapitular os toques. Muita dispersão aconteceu, mas Tiago conseguiu conduzir as coisas de forma interessante e produtiva.

#10

30/08/13

Trabalhamos com Leno Sacramento com os berimbaus confeccionados na oficina. Iniciamos com o aquecimento da capoeira. Depois montamos os instrumentos e começamos a tocar. Leno sugeriu que utilizássemos o berimbau de forma não convencional (de cabeça para baixo, deitado, etc.) Falou que isso não é aceitável na capoeira, mas estamos usando no teatro, então... Vamos nos jogar no berimbau!!!

#11

02/09/13

Todo trabalho, para ser desenvolvido, baseia-se em compromisso, disciplina e responsabilidade. Isso vale para o Teatro também! Quando entrei na Livre existiam alguns compromissos que assumi: é de segunda a sábado, de 9 às 12 h, são 200 reais por mês, 20 horas por mês de trabalho para o Vila Velha, roupa branca... Isso não tem nada a ver com o artístico. São condições estabelecidas para que o artístico possa desenvolver-se. São compromissos que assumi com outras pessoas: com meus colegas, com Marcio Meirelles, com os colaboradores, com o Vila Velha. Para honrar meu compromisso, eu preciso ter disciplina, que é um exercício diário: chegar todo dia no horário, me virar para conseguir o dinheiro da mensalidade, comparecer às outras atividades, etc. Dentro desse compromisso, existe flexibilidade sim: uma pessoa pode, inclusive, atrasar o pagamento três meses. Mas isso não a exime do pagamento. Apenas existe uma tolerância para que ela possa se preparar para esta despesa. Ela também pode faltar eventualmente, mas suas faltas não podem inviabilizar o trabalho do colega, porque teatro é feito em grupo, mesmo quando é um monólogo. Quando assumo um compromisso, eu o faço dentro de regras estabelecidas pelo grupo. Eu aceito essas regras e devo cumpri-las. Isso não significa que as regras não podem mudar. Com relação ao pagamento, acho que o modelo estabelecido até agora é muito claro. Não preciso repetir. Se algumas pessoas não o cumprem, é porque estabeleceram regras específicas para si mesmas, que não foram acordadas no grupo. A Livre tem despesas com os colaboradores, por exemplo. Isso exige o compromisso de todos, porque a Livre não é uma instituição de caridade. Os colaboradores doam seu tempo, sua energia, seu conhecimento e, até onde eu sei, não o fazem apenas para contribuir para o nosso crescimento individual. É uma troca financeira também... Quando me posicionei para que não entrassem mais pessoas na Livre, fiz porque pressenti que essa energia de entra e sai não era boa para o coletivo. Todas as questões que são levantadas agora estavam soltas no ar. Achei que era necessário que o grupo amadurecesse para se fortalecer, antes da entrada de novas pessoas. Estava claro para mim que o grupo não possui responsabilidade, e sem isso os compromissos assumidos não são honrados e também não há disciplina para que cada um faça o que deve. Entendo o argumento que, artisticamente, o grupo não pode ser fechado. Precisamos ter as portas abertas para o novo, o inesperado, o revolucionário, o visionário. Mas, para que um trabalho artístico possa acontecer, é preciso ter compromisso, disciplina e responsabilidade. Sem isso não existe Teatro.

#12

03/09/13

Iniciamos com aula de yôga de Anita. Foi um trabalho muito energizante e relaxante ao mesmo tempo. Sinto que minhas articulações precisam ser destravadas. A minha necessidade de alongamento é constante e, neste aspecto, o trabalho feito na yôga é muito prazeroso. O trabalho de respiração também está cada dia mais incorporado à minha percepção.

Trabalhamos com Marcio improvisações sobre o capítulo 3. Um grupo tocava os berimbaus, acompanhando alguém que estava contando/interpretando a estória do capítulo. No começo, não houve muita harmonia na dupla berimbau/ator. Depois, pegamos o jeito e houve uma interação melhor de quem tocava os instrumentos, sentindo mais a cena.

#13

04/09/13

Nosso horário de trabalho dessa vez foi diferente. Começamos às 14 h, para receber Cibele Forjaz, que fez parte do Filte.

Iniciamos na roda uma conversa sobre o post de Tiago no facebook. Algumas questões foram colocadas por Marcio. Concordo que ficou muito exposto a nossa situação para pessoas de fora da Livre. Mas a provocação de tudo que foi escrito foi pertinente. Não fechamos a discussão...

Neste primeiro dia da oficina com Cibele, ela começou falando sobre suas experiências de processo em grupo. Como ela ouviu um pedaço da nossa conversa na roda, comentou que em São Paulo  também ocorrem algumas situações de desentendimento por causa da internet. Ela inclusive comentou que não usa a ferramenta, rss. Que antes as pessoas conversavam e diziam cara a cara o que pensavam, e tudo era resolvido ali mesmo. Agora, com essas coisas que tem na rede, às vezes o que é escrito é mal compreendido, e o que poderia ser simples termina ficando complicado... Eu acho que a palavra escrita tem um peso diferente. Ali fica mais difícil colocar a intenção, a ironia, o riso, a afirmação, a negação, etc., e tudo pode ganhar um peso diferente do que se quer dizer de verdade. Às vezes uma vírgula faz a diferença...

Cibele nos propôs um trabalho com o capítulo 5, uma forma de decupagem do trecho. Fizemos um trabalho como na oficina da Mundana Companhia, ou seja, a análise ativa do capítulo. Então conseguimos elaborar um roteiro/resumo para trabalharmos no próximo dia.

#14

05/09/13

Segundo dia da oficina com Cibele. Cada grupo mostrou a sua visão do capítulo, revelando o que achou mais importante. Houve uma diversidade grande no que foi mostrado. Minha equipe, formada por Tiago, Cláudio, Giza, Sônia e Gustavo, propôs uma cena não cronológica do trecho. Também havia uma proposta de três planos de ação: a memória, a realidade e a consciência de Victor.

Após as apresentações das cenas, Cibele propôs que cada uma tivesse um diretor e um dramaturgo (que deveriam ser de grupos diferentes). Com isso temos bastante material para trabalhar o capítulo 5.

#15

06/09/13

Hoje foi dia de faxina no galpão. Liberamos espaço para a oficina de alfaias. Clima gostoso de trabalho em grupo. Éramos como formiguinhas trabalhando...

#16

09/09/13

Primeira aula de corpo com Cristina Castro. Excelente aquecimento corporal. Começamos com os pés. Depois evoluímos para a condução do corpo através de mãos, braços, quadril, etc., e finalizamos com uma dança coletiva.

No segundo momento, houve dispersão total de metade da turma. Fiz meu trabalho de direção com o grupo de Mirian, Eduardo, Franklin e Yan. Kadu faz parte, mas não compareceu. Percebi que apenas duas equipes continuaram o trabalho. Como muitas pessoas faltaram, ficou inviável todos desenvolverem suas cenas.

#17

10/09/13

Iniciamos com a aula de yôga de Anita. Ela comentou que essa atividade é feita com o corpo “frio”. Ou seja, o alongamento deve ser feito sem o corpo estar aquecido com outro trabalho físico, e que o alongamento funciona melhor dessa forma. Ela também falou sobre as ausências (poucas pessoas estão comparecendo aos seus encontros).

No segundo momento, repassamos os toques de Golem, Prometeu e Lúcifer. Tiago conduziu os trabalhos. Sem ele não funciona...

#18

11/09/13

O encontro com Bertho foi produtivo hoje. Contamos toda a estória do livro “Prometeu moderno”, numa improvisação coletiva.

No segundo momento, Martin nos conduziu na recapitulação das cenas do Experimento 3: Golem, Prometeu e Lúcifer. Também incorporamos as músicas de cada mito, e isso nos fez sentir melhor as cenas deste Experimento.

Depois Martin abriu a roda para falar de algumas questões da Livre: o equívoco na interpretação da flexibilidade, a necessidade de disciplina, o fortalecimento da roda como espaço para o debate, a importância de incorporarmos os conhecimentos adquiridos na Livre, e para ficarmos atentos para que a “crise” não desestimule o nosso trabalho. Acho que esta foi uma das partes mais importantes da sua fala. A “crise” (que para mim nem chega a ser uma) é um momento de reflexão e crescimento. Não vem para desestimular o grupo, mas para fazê-lo amadurecer, e começar uma nova etapa sobre bases mais firmes e claras.

#19

12/09/13

Começamos com a capoeira de Leno. Sempre um prazer essa aula, ops... encontro! Ele propôs uma “coreografia” com um parceiro: 4 golpes de ataque e 4 golpes de defesa. Minha parceira foi Gabriela. E não é que eu consegui jogar capoeira? Foi a primeira vez! Nem acreditei que consegui fazer alguma coisa, kkk. Adorei.

Depois fizemos um trabalho com Martin. Divididos em dois grupos orientados por Gabriela e Júnior. Gabriela recapitulou os toques de Golem, Lúcifer e Prometeu. Não usamos instrumentos. Júnior recapitulou os sons dos personagens do Experimento 2.

Marcio apareceu de surpresa quase no final do encontro! De volta da África, nos contou um pouco da sua experiência na viagem. Nossa conversa sobre os rumos da Livre ficou para amanhã...

#21

13,14,16/09/13

DRAMATURGIA DO DISCURSO

Prólogo

Mirian

Ato I

Yan-Tiago-Cláudio

Ato II

Marcia-Mônica-Deyse-Sônia

Ato III

Giza-Lucílio-Vinícius-Apoena-Iana

Ato IV

Kadu

Ato V

Eduardo-Jean-Julie-Amanda-Taiwo-Flora

Epílogo

Tiago

...

Depois de três dias de discurso, não tenho mais palavras.

#20

17/09/13

1 º Ato

A aula de yôga nunca teve tantos participantes! Todo mundo de branco, foi lindo... Até quem não estava de branco tirou a bermuda e ficou de cueca :P Não precisava!

2º  Ato

Preciso me colocar em relação ao ensaio de hoje. Faço isso porque tenho necessidade de falar o que estou sentindo. Primeiro pensei em falar antes do processo, mas recuei, porque depois de três dias de falação, achei melhor a gente simplesmente fazer teatro. Estamos aqui para isso. Depois não quis interromper, porque todo o grupo estava disposto a “fazer”, e não seria eu a única a quebrar a disponibilidade e a energia de todos. Também fiz o exercício do “sim”. Como tenho a tendência do “não”, preferi seguir o que Lucílio até comentou depois: desapego... Mas eu me senti muito frustrada e incomodada hoje. Não entendi o exercício de Cibele assim. Descartamos dois dias de oficina. O que construímos até então foi o resultado da análise do texto, da elaboração do roteiro, da pesquisa na internet, dos ensaios, de chegar mais cedo na quinta para elaborar a cena... Nada disso foi usado. Não quero desmerecer a contribuição de Lucílio, muito pelo contrário. Achei que as ideias que ele propôs foram ótimas, eu realmente gostei. Mas não foi a cena do grupo. Foi a cena de Lucílio. Eu não acho que foi essa a proposta de Cibele. E, antes disso, não foi um exercício de direção, porque não houve acréscimo ou sobreposição. Foi criada outra cena. Amanhã apresentaremos para Marcio uma cena que não foi o resultado da oficina, mas o que a gente improvisou hoje. Na verdade, nem isso: foi a cena de uma pessoa só. Mais uma vez reforço que achei bom o que fizemos. Foi válido. Mas pensei sobre o que Martin falou outro dia: precisamos recuperar hoje o que fizemos ontem. Porque fazer teatro é como construir uma parede: cada dia a gente põe um tijolo. E acho que fizemos hoje uma “desconstrução”. Fizemos algo novo, mas descartamos o anterior. Não achei isso bom.  Não penso no que fazemos diariamente apenas como exercício, mas como construção de um espetáculo, um experimento, sei lá... Se cada dia a gente faz algo novo, não chegamos a lugar nenhum. Peço que cada um reflita sobre isso.

3º Ato

Mais uma vez, abrimos a roda. Mais uma vez, fiz o exercício do “sim”: aceitar, simplesmente. Ignorei o “não”: não vou polemizar, não vou dizer minha opinião, não vou dizer que não concordo, não vou dizer que quero assado. Digo “não” para mim mesma, para dizer “sim” ao grupo. Na verdade, digo “sim” a Marcio. Porque, de novo, o grupo quis uma coisa, mas mudou de direção. Houve sim uma proposta inicial (que eu entendi não ser obrigatória, mas deixa pra lá...), porém o grupo se resolveu de forma orgânica, entre si. Vinicius superorganizado, foi em cada um perguntar seu desejo... Mas isso foi secundário. Entendi a proposta de Marcio. Também aceito que seu caminho pode ser o melhor (ou não), porque Marcio tem um objetivo, um direcionamento, uma visão, etc. Mas o grupo fez diferente. Por que eu não posso fazer o que eu quero (agora)? Para mim, atrelar cada um ao grupo preestabelecido é a mesma coisa que fazer um sorteio: alguém sempre fica insatisfeito. Mas fiz o exercício do “sim”. Eu aceito. E faço. Mas o desejo, esse eu não controlo. Não consigo dizer “não” ao desejo. É mais forte que eu. Mais uma vez pergunto: por que eu não posso fazer o que eu quero (agora)? Eu respondo: nem sempre a gente faz o que deseja. Trabalho em grupo, bebê... Somos adultos, a maturidade tem dessas coisas. Mas o sentimento que ficou hoje foi de um círculo vicioso. Parece que a gente não avança! Mas avança. O passo tá arrastado esses dias. Pela primeira vez tive um sentimento: tá chato.

#22

Márcia,

Dizer que o que fizemos hoje é "minha cena" me lisonjeia porque sinto que, de certo modo, cumpri com a minha função que era a de dirigir a cena. O diretor, de fato, dirige. Isso, muitas vezes, incomoda a nós, atores.Tem aquela história meio cínica: quando o diretor acerta, a cena é de TODOS. Quando desagrada (aos atores), a cena é APENAS dele. A proposta de Cibele nos convida a percorrer outros caminhos (menos mesquinhos, creio) no terreno da criação, em que a palavra mágica, repito, é: DESAPEGO. Nesse modo de criação, que se pretende inteiramente colaborativo, nada se perde mas, tudo, absolutamente tudo se cria e, por isso, se transforma. São mantidas, como Cibele deixou bem claro, as funções de ator, dramaturgo e diretor. Dos atores, toamamos o impulso inicial de criação da cena, os primeiros movimentos, inflexões, intenções, ritmo, atmosfera, tudo isso é dado INICIALMENTE pelos atores. Esse marterial é recebido, depois, pelo dramaturgo e também pelo diretor como um conjunto de IMPULSOS e aí valores "morais" como fidelidade, lealdade, pureza, respeito `a integridade etc etc. não entram em jogo. Os valores que levamos em conta são, no caso, estritamente, artísticos e entendo que , nesse contexto, o PODER do dramaturgo e do DIRETOR podem mesmo vir a parecer descomunal para os atores que são os autores do PRIMEIRO desenho da  cena. Mas aí, estaríamos voltando outra vez parao tereno da "moral" e esquecendo da arte. Embora, no nosso caso hoje, não tenhamos tido a contribuição efetiva do dramaturgo, uma vez que o colega não fez a sua parte (que era selecionar o texto proposto pelos atores, aproveitá-lo integralmente ou em partes, recriá-lo ou transformá-lo totalmente ou apenas parcialmente), a cena teve, sim, uma nova e radical direção. E se você reparar bem, nada desse "novo" que propus, teria surgido da forma como surgiu, se não tivesse partido da cena inical proposta pelos atores. Se ficou bom ou ruim, melhor ou pior do que a cena inicial proposta pelos atores, aí é outr história, que eu deixaria por conta de ou outro participante, fundamental, nesse jogo: O distinto PÚBLICO.