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A CRIAÇÃO: SER OU NÃO SER, ESTAR OU NÃO ESTAR

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A CRIAÇÃO: SER OU NÃO SER, ESTAR OU NÃO ESTAR

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Hoje a manhã na LIVRE foi muito estimulante. De repente, todos éramos Victor Frankenstein, procurando, em diferentes corpos, pedaços interessantes para podermos dar vida a um novo ser: Elizabeth. Não é uma busca fácil, decidir o que serve e o que não cai bem nessa empreitada. Joguei fora a tensão de alguns corpos, a pose de  outros tantos, catei  aqui um gesto, ali um sorriso,  num instante um jeito de andar, muitas vezes determinado olhar... Respirar. Instalar. E, de repente , não éramos mais Victor Frankenstein. É que, ao contrário dele, sabemos, de antemão, que a criatura que iremos  criar, não queremos depois, rejeitar. Pelo contrário... Vamos assumi-la inteiramente e um dia levá-la a público, para que todos a vejam e reconheçam nela o fruto do nosso trabalho árduo de cada dia. 

Agora, éramos todos Elizabeth, criatura contemporânea, transgênero, buscando dar os primeiros passos, não importa se em corpo de homem ou de mulher. Vá lá, de tão feminina, talvez se ajuste melhor a um corpo de mulher, mas, nunca se sabe... Mal juntamos algumas partes e ela já emitiu seus primeiros ruídos, insinuações de melodias, risinhos, risadas, lamentos, às vezes o que parece ser o som de um suspiro lento profundo  ou os uivos de uma suave melancolia, aqui e ali um sinal de alegria. Está, no entanto, longe de ficar pronta. Precisa ainda falar, vestir-se, dizer  a que veio , enamorar-se, casar e, que triste, morrer tragicamente em sua noite de núpcias. Tudo isso sem discutir com o destino que a espera. O que pintar, ela vai ter que assinar. O que pintarmos, vamos ter que assinar.

Assinar o que pintar. De forma direta ou indireta, trabalhando essa questão da criação de um ser, acabamos também por incluir na discussão da roda, mais uma vez, a questão da originalidade na criação da cena em teatro. Pareceu, praticamente, consenso, de que importa mais o COMO se faz do que SER O PRIMEIRO a fazer. Mas esta é uma questão que, assim como a criação de Elizabeth, não acaba aqui. Poderíamos voltar ao tema, oportunamente, não? Por exemplo: depois de conhecer os mitos subjacentes à sua obra, em que medida podemos dizer que Mary Shelley foi original na criação do “seu” monstro? Me pergunto também: como podemos ser ainda criadores originais na "Era da Informação"? E na criação especificamente teatral, devo chorar pelo sangue derramado ou usar aquela fita vermelha guardada na gaveta? É tanta imagem, tanto som, tanto estímulo vindo de todo lado e com tamanha velocidade que estamos "plagiando" até mesmo os originais que não chegamos a ver! Que tempo doido, hein!

Beijo a todos!

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