Do silêncio
Querido Cláudio,
Senti sua falta hoje, muita falta de suas dimensões rsrsrs... Explico. Primeiramente, eu queria saber de você o que acha do silêncio, ou o que no silêncio acha. Sabe aquele silêncio, silêncio mesmo, não uma pausa, ou qualquer reflexão direcionada, mas aquele silêncio de não saber o que vai acontecer, talvez um silêncio da tróia destruída, ou o demorado silêncio de amor, por um sim, por um não... silêncios que sucedem tragédias, que sucedem arrebatamentos, um silêncio maior que si mesmo, maior que um círculo. Você precisava estar aqui meu amigo, achar-se aqui, depois dos nossos últimos encaminhamentos, depois de tantas palavras, argumentações, depois dos palanques dos dias prévios... o silêncio. O silêncio. Do silêncio pode descambar tanta coisa homem. E descambou! Descambou na João Augusto gestos simples, de significados pluridimensionais. Queria ter te visto, ter visto seu caminho... Estivemos no gelo, desembarcados de sonhos, estivemos cada um dentro de si, nos nossos laboratórios pessoais, estivemos em disputa e em canções, mendigamos apreço, dançamos pra encontrar outros caminhos, com outros corpos, pisamos e repisamos o teatrar, tragi-cômico de quem se vê diante de um desejo, diante da criação de uma criatura qualquer. Vimos mortes. Vimos momentos que precedem a decisão de salvar ou não uma vida, vimos o fim, a despedida, e também o começo de uma nova canção, popular, pois envolvente. Rompemos e reatamos...ao fim, criamos caminhos. Presenciamos meu amigo, e eu digo esta palavra, pre-sem-ci-a-mos o ir e vir, a angustia do decidir. Aprendemos um pouco mais sobre alquimia, sobre transubstanciação de elementos, matérias, energias. Tudo foi teatro! Tudo foi a Livre! Tudo foi Frankenstein! Seguimos...
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