Triângulo e Família
Cena - 1
(Clerval contando uma história para Elizabeth. Victor está concentrado com os seus estudos.)
Clerval: Na Idade Média, época em que todas as mesas eram compridas, a Távola surpreendia as pessoas: "Por ser redonda, ela não tinha nem cabeceira alta, nem cabeceira baixa; por isso, todos sentavam em volta dela como iguais". Ao seu redor, sentaram-se os cavaleiros que tinham um ponto em comum: juraram ser honrados em toda e qualquer situação e dedicar-se incansavelmente à busca do Graal, uma taça misteriosa que havia contido o sangue de Cristo. A Távola Redonda foi um presente do mago Merlin ao.....
Victor: Rei Arthur.
Elizabeth: Tá prestando atenção aqui ou ali?
Victor: Nos dois.
Clerval: Então fala para gente o número de cavaleiros do rei.
Victor: 12.
Clerval: Quem te falou isso?
Victor: Você. Clerval conta tanta história, que esquece o que disse no outro dia.
Elizabeth: Tá mentindo Clerval? O nariz está crescendo!!
Clerval: Mentira não. Isso tudo aqui é verdade.
Victor: Os segredos do céu e da terra, a substância visível das coisas, o espírito interior da natureza e da alma do homem. Isso sim é verdade Clerval. É isso que eu quero saber.
(Começa a chover muito forte e os três começam a correr procurando abrigo)
Elizabeth: Fofas e leves nuvens correm pelos Céus,
são brancas esfarrapadas transparentes
mudando de forma a todo o momento
traçando figuras breves e inconscientes.
Victor: Deslizam, contrastam com o azul do Céu.
Atravessam-nas os raios do Sol ou da Lua
colorindo de tons dourados e solarengos
ou de suave prateado se ela aparece nua.
Clerval: Refletem-se na ondulação mansa ou agitada do mar
cintilando como uma bela estrada prateada
aonde os poetas vão ouvir as sereias cantar
Elizabeth: Etéreas quais pombas , fogem apressadas
com luz ou em escuridão sabem o caminho,
correm o Mundo peregrinas e espiritualizadas.
(Chegam na estação de água de Thonon. Elizabeth acha o livro de Cornélio Agripa)
Elizabeth: foi sem dúvida, o ocultista mais importante da sua época. É considerado como o fundador da filosofia oculta e deixou a fama de "príncipe dos mágos", título que o acompanha até hoje. Foi o grande rebelde da Renascença.
(Victor pega o livro)
Victor: Cornélio Agripa. É isso!!
Cena – 2
(Seu pai Alphonse Frankenstein faz uma observação dizendo para Victor que os princípios dos filósofos modernos estão totalmente ultra passados)
Alphonse: Um lixo! Sim meu filho, um lixo. Não perca seu tempo com essas baboseiras.
Victor: Como assim pai?! Estamos diante de homens que foram longe. A pedra filosofal e o elixir da vida não significam nada para você?
Alphonse: Isso não passa de uma simples quimera meu querido Victor.
Victor: Se eu fosse capaz de acabar com as doenças do corpo humano e tornar o homem invulnerável?
(Seu pai começa a rir)
Alphonse: Victor, estou começando a ficar preocupado com você. Acho que esses alquimistas não estão fazendo bem a sua cabeça.
Victor: A minha cabeça....
Alphonse: E outra coisa, você vai para a Universidade de Ingolstadt. Você precisa ter uma formação melhor, precisa conhecer outros costumes.
Cena – 3
(Caroline está enferma. No seu leito junta as mãos de Elizabeth e Victor)
Caroline: Meus filhos, minhas mais firmes esperanças de felicidade futura estão
na perspectiva de sua união. Essa expectativa será agora o consolo de seu pai. Elizabeth minha amada, você deve ocupar o meu lugar junto aos meus filhos menores. Ai de mim! Sinto muito ser levada para longe de vocês; e, feliz e amada como fui, não é fácil abandona-los. Mas esses não são adequados; vou tentar me resignar-me sem tristeza à morte, na esperança de encontra-los num outro mundo.
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