VITOR E A CIÊNCIA - Vitor encontra Paracelso
VÍTOR ENCONTRA PARACELSO
Participantes: Jean Pedro (Vítor) e Lucílio Bernardes (Paracelso)
PARACELSO medita, olhando a chama de uma vela que está sobre uma mesa.
PARACELSO - Deus, vos peço, me mande um discípulo.
VÍTOR entra.
PARACELSO – Sente-se, meu jovem. (Pausa). Lembro-me de rostos do Ocidente e de rostos do Oriente . Não me lembro do seu. Quem é você e o que deseja de mim?
VÍTOR - O meu nome não importa. Três dias e três noites caminhei para entrar em sua casa. Quero ser seu discípulo. Trago para você todos os meus bens.
VÍTOR coloca um saco de moedas sobre a mesa. PARACELSO dá as costas, VÍTOR exibe nas mãos uma rosa.
PARACELSO – Você acredita que sou capaz de elaborar a pedra que transforma todos os elementos em ouro. Por isso, me oferece ouro. Não é ouro o que procuro e se é ouro o que você busca, não pode ser meu discípulo.
VÍTOR - O ouro não me importa. Essas moedas não são mais do que uma prova da minha vontade de trabalho. Quero que me você me ensine a Arte. Quero percorrer ao seu lado o caminho que conduz à Pedra.
PARACELSO - O caminho é a Pedra. O ponto de partida é a Pedra. Se não entende estas palavras, meu jovem, você nada entende ainda. Cada passo que der é a meta.
VÍTOR - Mas, há uma meta?
PARACELSO - Os meus difamadores, que não são menos numerosos que estúpidos, dizem que não, e me chamam de impostor. Não dou razão a eles, mas não é impossível que tudo seja uma ilusão. Sei que há um Caminho.
VÍTOR - Estou pronto para percorrê-lo em sua companhia, ainda que seja preciso caminhar por muitos anos. Deixe-me cruzar o deserto. Deixe-me divisar, ao menos de longe, a terra prometida, ainda que os astros não me permitam pisar nela. Mas quero uma prova, antes de empreender o caminho.
PARACELSO - Quando?
VÍTOR - Agora mesmo.
VÍTOR eleva no ar a rosa.
VÍTOR - É verdade que você pode queimar uma rosa e fazer ela ressurgir das cinzas, por obra da sua Arte? Deixe-me ser testemunha desse prodígio. É só o que lhe peço e dedicarei, depois, a você, a minha vida inteira.
VÍTOR entrega a rosa a PARACELSO.
PARACELSO – Você é demasiado crédulo, meu jovem. O que eu exijo é a Fé!
VÍTOR - Precisamente por não ser crédulo, quero ver com os meus olhos a aniquilação e a ressurreição da rosa.
PARACELSO – Então é um caso de ver para crer. Pergunta-me se sou capaz de destruí-la?
VÍTOR – Qualquer um é capaz de destruí-la.
PARACELSO - Está equivocado, meu jovem. Acredita, porventura, que existe no mundo alguma coisa que possa ser devolvida ao nada? Acredita que o primeiro Adão no Paraíso pôde destruir uma só flor ou uma só palha de erva?
VÍTOR - Não estamos no Paraíso. Aqui, abaixo da lua, tudo é mortal. Tudo tem um fim.
PARACELSO - Em que outro lugar estamos? Acredita que os deuses puderam criar um lugar que não fosse o Paraíso? Duvida que a Queda seja outra coisa que não ignorar que estamos no Paraíso?
VÍTOR - Uma rosa pode ser queimada.
PARACELSO - Ainda assim fica a chama na vela. Se atirar esta rosa às chamas, acreditará que tenha sido consumida e que a cinza é verdadeira. Digo a você que a rosa é eterna e que só a sua aparência pode mudar. A mim, me bastaria dizer uma palavra, para que visse a rosa de novo.
VÍTOR - Uma palavra? Vejo que os seus instrumentos de magia estão inutilizados e cobertos de poeira. O que você faría para que eles voltassem a funcionar?
PARACELSO – É verdade. Os meus instrumentos de magia estão cobertos de poeira. Nesta etapa de minha longa jornada, meu jovem, uso outros meios.
VÍTOR - Não me atrevo a perguntar quais são. Você falou sobre o que fez Deus para criar os céus e a terra. Falou que estamos no paraíso e que o pecado original impede que eu o veja. Falou também da Palavra que nos ensina a ciência da Cabala. Peço a você, agora, a graça de me mostrar o desaparecimento e o aparecimento da rosa. Não me importa que você opere com seus alambiques mágicos ou apenas com o Verbo.
PARACELSO - Se eu operasse o milagre, você me diria que se trata de uma aparência imposta pela magia dos seus olhos. O prodígio não lhe daria a Fé que você busca. Deixe, pois, a Rosa. Além disso, quem é você para entrar na casa de um mestre e exigir um prodígio? O que você fez para merecer semelhante dom?
VÍTOR - Já que nada fiz para merecer o milagre, peço-lhe, em nome dos muitos anos que estudarei à sua sombra, que me deixe ver a cinza, e depois a Rosa. Não lhe pedirei mais nada. Acreditarei no testemunho dos meus olhos.
VÍTOR toma com brusquidão a rosa das mãos de PARACELSO e a queima na chama da vela.
PARACELSO - Todos os médicos e todos os boticários de Basiléia afirmam que sou um farsante. Talvez eles estejam certos. Aí está a cinza que foi a rosa e que não o será.
VÍTOR - Tenho agido de maneira imperdoável. Tem-me faltado a Fé que você exige dos crédulos. Deixe-me continuar a ver as cinzas. Voltarei quando for mais forte e serei seu discípulo e no final do Caminho, verei a Rosa.
VÍTOR pega de volta o saco de moedas e sai.
PARACELSO - Adeus, meu jovem. Em minha casa, será sempre bem-vindo.
Antes de apagar a chama da vela, PARACELSO apara o tênue punhado de cinza na mão côncava e pronuncia uma palavra em voz baixa. A Rosa ressurge.
FIM
Obs: adaptado do conto “A rosa de Parcelso”, de Jorge Luís Borges.
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Comentários
#1
VItor e Clerval em viagem, estão caminhando pelas margem do rio Reno. Cleval esta encantado diante da beleza da na tureza, ele camnha, e recita versos,da Divina Comedia de Dante. Vitor o segue triste. Diante de um castelo em ruinas, Clerval para derepente e ver ao lado uma chaminé diferente soltando grande fumaça. Ele olha para a água linpida transparente do Rio que o encanta e ver uma mancha negra brilhando.
Clerval- Vitor veja! O que é aqulo na -agua do rio.
Vitor- São restos da experiência cientifica daquele laboratorio ao lado do castelo.
(imagem de inicio de poluição de águas)
Clerva- Meu Rio lindo querido.... ( improvisar)
Vitor- Clerval deixe de ser romántico,tudo esta mudando, a ciênca esta fazendo melhora a vida ......
Clerval- Não sei o que vai acontecer
Imagem futura de poluiçao de rios e oceanos
-Cleval- continua recitando e correndo feito louco